Santeria

O tema “religião” é um dos mais polêmicos do planeta, visto que a maioria da população é adepta de alguma doutrina ou seita de cunho religioso. Basta ver também, nos noticiários e na mídia em geral, os diversos conflitos que acontecem em determinadas áreas do mundo por conta de adversidades econômicas, políticas e, também, religiosas. Ou seja, a religião está intrinsecamente presente no nosso cotidiano e, portanto, não podemos ignorá-la por completo.

O Cristianismo é a maior religião do planeta, com um número de seguidores que ultrapassa os 2,2 bilhões de pessoas, ou um número próximo de 30% da população mundial. Com várias vertentes, três se destacam, sendo o catolicismo, o protestantismo e a Igreja Ortodoxa, sendo a primeira delas a maior e a primeira a existir.

O catolicismo também foi o responsável pelo crescimento da Igreja e o Cristianismo no mundo medieval, sendo que a Igreja, depois de o Império Romano parar de perseguir a Instituição e adotá-la como religião oficial do império, se transformou em uma das instituições mais poderosas de todos os tempos, mantendo o seu poderio econômico e de influência por muitos séculos, até o fim da Idade Média onde ela experimentou um forte declínio, que a atinge até hoje, mas, mesmo assim,  ainda possui grande importância no cenário mundial.

O Brasil, por exemplo, é um dos países mais cristãos do mundo, sendo que o país é considerado o país com o maior número de cristãos do planeta. Não à toa, está localizado aqui o maior templo dedicado à Maria de todo o mundo: o Santuário Nacional de Aparecida, localizado na cidade de Aparecida do Norte, interior do estado de São Paulo. Por lá, passam, anualmente, mais de 12 milhões de peregrinos, que, além de demonstrar a sua fé, ajudam a movimentar a economia local da cidade, que tem por força motriz econômica a própria Basílica. Hoteis, albergues e outros locais de pouso também existem aos montes na cidade.

No nosso artigo de hoje, iremos falar um pouco sobre uma junção entre a religião cristã católica e fundamentos do Iorubá, uma tradicional religião que era praticada entre os escravos que foram trazidos para as Américas na época do tráfico negreiro e da escravidão, fatos que ocorreram após os eventos que levaram Cristóvão Colombo chegar por aqui, em 1492 e que fomentou, nos anos seguintes, as Grandes Navegações. Vamos lá?

A Origem da Santeria

A Santeria, como já dito anteriormente, é a união de características presentes no cristianismo católico, que era comum na Europa e, posteriormente, foi trazido pelos exploradores europeus que aqui desembarcaram em busca de novas terras de exploração, com a religião ioruba, que era tradicionalista dos escravos capturados na África pelos colonizadores para aqui trabalharem para eles. Como os escravos eram trazidos pelos colonizadores para a exploração nas recém descobertas terras da América, é possível pensar que essa religião se desenvolveu em vários locais, como Cuba, o Brasil, Porto Rico, Panamá, República Dominicana, entre outros locais da América.  Até mesmo nos Estados Unidos, nos locais onde estão concentradas comunidades de pessoas latinas, como o estado da Flórida, Califórnia e Nova York, por exemplo, essa religião está bastante presente.

Inclusive, a denominação “Santeria” seria uma forma pejorativa de referência a esse misto de religiões, por parte dos espanhóis, que consideravam um excesso a devoção tanto dos católicos quanto dos iorubas pelos santos.

A origem dessa religião está intimamente ligada com o preconceito dos colonizadores e dos “donos” dos escravos, que eram os senhores de terra, que tinham verdadeira abominação pelos costumes religiosos dos escravos, os proibindo de realizar seus ritos religiosos. Permitiam apenas que a religião cristã católica fosse praticada em seu território. Um exemplo disso é que, a maioria das casas- grande, isso é, o território dos senhores de terra, possuíam, ao menos, uma capela, evidenciando tanto a religião praticante pelo senhor e sua família, quanto o poderio de influência que a Igreja detinha na Europa e, também, nas colônias.

Os escravos que aqui viveram sofreram muito, no início, em relação à prática de sua religião (lembrando que, desde o início da escravidão até o seu fim, o sofrimento foi intenso), já que realizavam ritos às escondidas e, quando eram descobertos, sofriam severas punições por parte dos seus senhores.

Para poder driblar os castigos e, aos mesmo tempo, praticar a sua fé, os escravos decidiram que era hora de agir discretamente. Assim, resolveram misturar seus costumes religiosos com os do catolicismo. Ou seja, quando iam à capela fazer suas orações, os capangas e senhores de Terra acreditavam veemente que os escravos tinham sido “catequizados” e, por fim, tinham se rendido à fé católica. No entanto, eles apenas disfarçavam, atribuindo cada santo católico a uma divindade da religião ioruba. E, desse modo, os escravos e seus descendentes não deixavam morrer a sua cultura, que foi brutalmente atacada por aqueles ávidos por lucro que resolveram retirá-los de suas terras para poder enriquecê-los nas colônias de exploração.

Apesar de parear seus costumes aos dos católicos, os escravos buscavam maneiras mais discretas de realizar seus costumes, que incluíam músicas, ritos de danças e sacrifícios de animais, sendo que a galinha era o animal predileto por eles para realizar os seus sacrifícios em honra de suas santidades. O sangue obtido da execução do animal (no caso, da galinha) era oferecido aos orixás, que são equivalentes aos santos do catolicismo cristão. A música que era obtida do tambor, da dança e do atabaque eram tão profundas e intensas que tinham o poder de provocar um estado hipnótico nos participantes da seita, que poderiam, depois de entrar nesse estado de transe, incorporar um orixá.  Os antepassados dos participantes eram exaltados nas cerimônias dos ritos da Santeria.

Ultimamente, os praticantes da Santeria (que no Brasil, pode-se equivaler ao Candomblé) são acusados de crueldade contra os animais, por conta das suas práticas de sacrifício, sendo acionados, até mesmo, órgãos de combate a violência animal.  Em 1993, no entanto, a Suprema Corte dos EUA decidiu que as leis contra a prática da Santeria não eram condizentes com a Constituição. Sendo assim, as práticas da religião não sofreram mais nenhum impedimento legal.

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Categoria(s) do artigo:
Religiões

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