Início da Vida de Santa Rita de Cássia
Antonio e Amata Lotti viviam em Roccaporena, uma pequena aldeia localizada na região da Umbria, na Itália, chamada Cássia. Eles eram pacificadores bem respeitados na cidade. Em 1831 nasceu a única filha do casal, Margherita. No dialeto local, seu nome significava “pérola”, e ela era conhecida como Rita, que são as duas sílabas finais de Margherita.
Batizada na igreja de St. Augustine, em Cássia, Rita acabou se tornando bastante próxima das freiras agostinianas que viviam na aldeia e se identificou com o modo de vida delas. Mas seus pais não queriam que ela se tornasse freira e arranjaram um casamento para ela, a fim de proporcionar segurança e conforto para a filha.
As Tragédias Familiares
Por obediência e respeito aos seus pais, Rita se casou com Paolo Mancini, com quem teve dois filhos. Com o passar do tempo, algo terrível aconteceu: em uma briga com uma família rival seu marido Paolo foi assassinado. Seus filhos eram jovens e se revoltaram, começaram, então, a planejar uma vingança contra os assassinos de seu pai para defender a honra da família.
Rita, influenciada pelo exemplo de pacificação dos seus pais, se comprometeu a perdoar os assassinos de seu marido. Ela enfrentou um grande desafio para convencer seus filhos a fazer o mesmo. A história conta que muitas vezes ela mostrou para eles a imagem do Cristo crucificado e o fato de que ele perdoou aqueles que o mataram.
Dentro de um ano, no entanto, os dois filhos contraíram uma doença mortal, deixando Rita não só como uma viúva, mas também sem filhos. Após tantas tragédias, Rita colocou sua confiança em Deus, aceitando-o e contando com sua profunda fé para encontrar seu caminho. Após dezoito anos de casamento, ela sentiu sua vocação lhe chamando mais uma vez e decidiu seguir sua vida religiosa no convento agostiniano.
O Chamado da Vocação
Entretanto, as irmãs estavam hesitantes e recusaram o seu pedido. Mas Rita não desanimou e continuou insistindo. As irmãs continuaram firmes e recusaram seu pedido novamente, alegando que, embora Rita tinha perdoado os assassinos de seu marido, sua família não tinha feito o mesmo. Como havia membros da família rival no convento; sua presença seria prejudicial para a harmonia da comunidade.
O Exemplo de Perdão
Assim, inspirada por seus três santos padroeiros (Agostinho, Nicolau de Tolentino e João Batista), Rita resolveu promover a paz entre as famílias. Ela foi até a família de seu marido e implorou que deixassem de lado sua hostilidade e teimosia. Eles foram convencidos por sua coragem e concordaram. A família rival se surpreendeu com o tratado de paz, mas também concordou. As duas famílias trocaram um abraço de paz e assinaram um contrato por escrito, colocando um fim na vingança.
Um quadro que descreve a cena do abraço de paz foi colocado em uma parede da Igreja de São Francisco em Cássia, como um lembrete do poder do bem sobre o mal e um testemunho da viúva cujo espírito de perdão conseguiu o que parecia impossível.
A Vida no Convento
Com 36 anos de idade, Rita finalmente foi aceita no convento agostiniano. Ela viveu uma vida de oração, contemplação e leitura espiritual, de acordo com a Regra de Santo Agostinho. Por quarenta anos ela viveu dessa forma, até que quinze anos antes de sua morte, em uma sexta-feira em 1442, ela teve uma experiência extraordinária.
Na contemplação, diante de uma imagem de Jesus, ela pode experimentar toda a carga física e espiritual da dor que Cristo sentiu por amor a toda a humanidade. Rita se uniu a Jesus em uma profunda experiência de intimidade espiritual, com um espinho da sua coroa penetrando na testa. O ferimento permaneceu aberto e visível até o dia de sua morte.
Perto do fim de sua vida, Rita foi progressivamente ficando cada vez mais fraca. Vários meses antes de sua morte, um parente foi visitá-la e perguntou se poderia fazer algo por ela. Rita fez um pedido simples, o de ter uma rosa do jardim de sua casa de família. Em janeiro, no auge do inverno nas montanhas da Úmbria, o parente foi até o jardim da casa de Rita e encontrou uma única rosa fresca no solo que estava coberto de neve. Ele, imediatamente, voltou para o convento onde entregou a Rita a rosa.
Durante as quatro décadas que passara no convento de Cássia, Rita orava especialmente para seu marido Paolo, que tinha morrido de forma tão violenta, e por seus dois filhos, que tinham morrido tão jovens.
A Morte de Santa Rita de Cássia
Rita morreu em plena paz no dia 22 de maio de 1457. Um Os sinos do convento imediatamente começaram a tocar, chamando o povo de Cássia para a porta do convento e anunciando o final triunfante de uma vida fielmente vivida. As freiras prepararam o corpo de Rita para o enterro e a colocaram em um caixão simples de madeira.
Um carpinteiro que tinha sido parcialmente paralisado por um acidente vascular cerebral, expressou os seus sentimentos que eram os mesmo de todas as pessoas presentes. Ele falou da bela vida desta humilde freira que trouxe a paz duradoura para o povo de Cássia. “Se eu estivesse bem”, ele disse, “eu teria preparado um lugar mais digno de você”. Com essas palavras, o primeiro milagre de Rita foi realizado, e ele foi curado.
Então, o carpinteiro produziu um caixão elaborado e ricamente decorado, que iria guardar o corpo de Rita por vários séculos. Ela nunca foi enterrada nele, no entanto. Milhares de pessoas de outras regiões foram olhar para a face suave da “Pacificadora de Cássia”, tantas que seu enterro teve de ser adiado. Tornou-se claro que algo excepcional estava ocorrendo enquanto seu corpo parecia estar livre e seguindo o curso normal da natureza. Seu corpo ainda permanece preservado até os dias de hoje, agora em um caixão de vidro fechado, na Basílica de Santa Rita de Cássia, localizada, claro, na cidade de Cássia.