Irmã Dulce, cujo nome de batismo era Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, foi beatificada em 22 de maio de 2011 e entrou para a história com a alcunha de “o anjo bom da Bahia” por se dedicar a atender os mais necessitados. A religiosa trilhou um longo caminho que mudou e ainda muda a vida de muitas pessoas que tem acesso a atendimento médico de qualidade. Conheça mais sobre a religiosa que foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz e como ela nos deixou com a mesma paz que manteve por toda sua passagem pelo mundo.
Quem Foi o Anjo Bom da Bahia?
Nascida no dia 26 de maio de 1914, em Salvador, Bahia, Maria Rita era filha de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes (de onde veio a inspiração para seu nome religioso) e de Augusto Lopes Pontes, dentista e professor universitário. Quando criança, Maria Rita, tinha um costume diferente dos outros pequenos, ela rezava para Santo Antônio pedindo que ele lhe desse sinais se deveria seguir a carreira religiosa ou se casar.
Com apenas 13 anos de idade ela tomou a decisão de seguir a fé, a menina visitava áreas carentes da capital baiana acompanhada de uma tia e sabia que queria mudar a vida dessas pessoas. Nesse período ela já ajudava como podia os mais necessitados, em sua busca por fazer a diferença tentou ser admitida no Convento de Santa Clara do Desterro, porém, acabou sendo recusada pelo fato de ser muito jovem.
A Portaria de São Francisco
Enquanto não tinha idade para tentar novamente ser admitida no convento, Maria Rita, com o consentimento e auxílio de seus familiares transformou a sua própria casa num centro de atendimento aos mais necessitados. A residência, situada na Rua da Independência 61, no bairro de Nazaré, ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”. Esse carinho pelo próximo continuaria a ser manifestado ao longo de toda a vida do anjo bom da Bahia.
Noviciado e Votos
No ano de 1932, Maria Rita, formou-se professora primária e em 1933 foi aceita na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, no estado do Sergipe. Com apenas seis meses de noviciado, em 13 de agosto de 1933, com 19 anos de idade, Maria Rita fez seus votos perpétuos e assumindo o hábito de freira. O nome religioso escolhido foi Irmã Dulce em homenagem a sua mãe.
Já em 1934, Irmã Dulce, retornou a Salvador onde teve como uma de suas primeiras missões ensinar numa escola da Cidade Baixa além de prestar assistência para as comunidades carentes. Tendo apenas 22 anos de idade, em 1936, a irmã que se tornaria beata, fundou juntamente com Frei Hildebrando Kruthanp o primeiro movimento operário cristão da Bahia, a União Operária São Francisco.
A dupla fundou em 1937 o Círculo Operário da Bahia que era mantido com a renda de três cinemas que eles construíram usando doações. No ano de 1939 a religiosa inaugurou o Colégio Santo Antônio que era destinado aos operários e aos seus filhos. Não podemos esquecer que Irmã Dulce era professora de formação e por isso tinha grande foco na educação.
Invasão na Ilha do Rato
O ano de 1939 ficou marcado na trajetória de Irmã Dulce que visando abrigar doentes carentes invadiu cinco casas na chamada Ilha do Rato, em Salvador. Não tardou para que a religiosa e seus doentes fossem expulsos dessas casas, a esse episódio se seguiu uma década de peregrinação sem um lugar certo. Um dia a religiosa conseguiu convencer suas superioras a transformar o galinheiro do Convento Santo Antônio num albergue.
Esse foi um momento relevante da história da beata, pois esse albergue se tornou o Hospital Santo Antônio que é um complexo médico que atende milhares de pessoas todos os anos. Embora a irmã tivesse uma saúde bastante fragilizada não tinha medo de trabalhar incansavelmente tendo criado uma das principais obras filantrópicas do país, Obras Sociais Irmã Dulce.
Visita do Papa João Paulo II
No ano de 1980, o Papa João Paulo II, realizou a primeira visita ao Brasil e convidou Irmã Dulce para subir ao seu altar para ser abençoada. O Papa deu a religiosa um rosário e lhe disse para continuar em sua empreitada pelos mais necessitados. Em 1988 a freira recebeu a indicação para o Prêmio Nobel da Paz com o incentivo do então presidente José Sarney e da Rainha Silvia da Suécia. No ano de 2000 recebeu o título de Serva de Deus, concedido pelo Papa João Paulo II.
Falecimento de Irmã Dulce
O anjo bom da Bahia nos deixou no dia 13 de março de 1992 em decorrência de causas naturais. Em 1990 a religiosa começou a apresentar problemas respiratórios tendo permanecido internada algum tempo na UTI do Hospital Aliança. Foi transferida então para o Hospital Santo Antônio, o qual foi fundado por ela. No dia 20 de outubro de 1991, já em seu leito de morte, recebeu a visita do Papa João Paulo II que lhe abençoou e concedeu a extrema unção.
Beatificação de Irmã Dulce
Em 21 de janeiro 2009 o processo de Irmã Dulce junto a Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano foi reconhecido como venerável. Suas virtudes heroicas foram reconhecidas no dia 03 de abril de 2009. Em 09 de junho de 2010 o corpo da irmã foi exumado, velado e novamente sepultado concluindo assim a beatificação. Tornou-se a primeira Bem-Aventurada da Bahia no dia 27 de outubro de 2010.
Um milagre atribuído a Irmã Dulce foi reconhecido em 10 de dezembro de 2010. No dia 22 de maio de 2011 foi finalmente beatificada recebendo o titulo de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres.
Filme de Irmã Dulce
Ficou curioso para conhecer mais sobre a história de luta em prol dos mais necessitados de Irmã Dulce? Você poderá conhecer mais detalhes assistindo ao filme “Irmã Dulce” que foi rodado em Salvador e apresenta a trajetória da beata.