O Estado do Vaticano consiste em uma cidade-estado soberana, também chamada de país soberano, ou seja, que possui administração independente do território que se encontra. O seu território é um enclave murado que fica localizado dentro da cidade de Roma, que é a capital da Itália.
O Vaticano é a sede da Igreja católica e também é o menor país soberano do mundo. No local vivem cerca de 900 pessoas, e o chefe absoluto do Estado é o Papa, que no local comanda o poder Legislativo, Executivo e Judiciário. O Papa é o líder soberano da Igreja Católica, o que faz com que seja correto ele coordenar a sede da religião.
Apesar de ser um país soberano com seus próprios documentos e leis, o Vaticano não possui um exército oficial, sendo a sua segurança feita por meio da polícia italiana. A cidade-estado conta com canal de televisão próprio, uma rádio e um jornal impresso.
O local atrai cerca de 8 milhões de visitantes anualmente, possui cerca de 44 hectares, sendo realmente bem pequeno.
Como Surgiu o Estado do Vaticano?
Para entender como surgiu o Estado do Vaticano o ideal é compreender toda a sua história, que abrange diversos séculos antes da sua criação. O Vaticano foi uma grande demonstração da dominação da Igreja Católica de maneira mundial, e de como a sua intenção de converter cada vez mais fiéis se deu de maneira de grande sucesso.
Precedentes do Estado do Vaticano
Durante um longo período, desde o século IX, os Papas reinavam sobre os Estados temporais, que eram chamados de Estados Pontifícios, e se localizavam tanto na Península Itálica como na parte sul da França, incluindo inclusive a cidade de Roma.
Também chamados de “Estados da Igreja”, esse tipo de organização social se deu início com o Império de Carlos Magno. Eles foram formados a partir da aglomeração de diversos territórios. Esses eram Estados independentes, e a capital de todos eles era Roma. A autoridade civil dos Estados Pontifícios eram os Papas, e esse modelo durou entre o ano de 752 até 1870.
Estado do Vaticano
Em 1870 ocorre a dissolução dos Estados Pontifícios, devido ao processo de unificação da Península Itálica, onde quase todos os territórios foram absorvidos pela Itália. Além disso, o então rei Vítor Emanuel II invade a cidade de Roma a incorpora ao estado recém-criado.
Para compensar a Igreja pela Igreja Católica, o próprio Vítor Emanuel II, apenas um ano após a absorção de Roma pelo Estado, concede ao Papa Pio IX a chefia do que Estado do Vaticano, que era um bairro pertencente à cidade de Roma. Essa foi uma espécie de indenização para fidelizar o apoio da Igreja Católica, porém, não teve o efeito esperado pelo rei, já que o papado não aceitou tal indenização e se declarou “prisioneiro” do poder do Estado Laico. O Papa também influenciou os católicos italianos a não votarem nas eleições organizadas pelo novo reino.
Como surgiu o Estado do Vaticano: O Tratado de Latrão
Desde 1870 o Estado passou a ter diversas disputas com a Igreja, que ficaram conhecidas como Questão Romana. As disputas eram territoriais e se estenderam devido a não aceitação do papado pelo que havia sido concedida a Igreja.
A Questão Romana somente foi solucionada no dia 11 do mês de fevereiro do ano de 1929, quando a Santa Sé assinou o Tratado de Latrão com o Reino da Itália, pondo fim as disputadas que duraram quase 60 anos.
Na época quem estava no poder do Reino da Itália era o ditador Benito Mussolini, e o líder católico era o Papa Pio XI. O Tratado de Latrão acordava o surgimento do Estado do Vaticano coo um território soberano e de total domínio da Igreja Católica, onde o Estado italiano não iria poder interferir de forma alguma.
Além de acordar o surgimento do Vaticano, o Tratado de Latrão também pagou uma indenização financeira a Santa Sé, devido às perdas territoriais que ocorreram durante a expansão e unificação da Itália. Além disso, a religião católica passou a ser oficial da Itália.
O surgimento do Estado do Vaticano foi um importante ponto final para conflitos que pareciam até mesmo sem solução até aquele momento, e que já se estendiam por um longo período. A Igreja Católica permaneceu por todo esse período em desentendimento com o Reino da Itália, que anexou os Estados Papais de maneira invasiva durante a unificação do seu reino.
O poder da Igreja Católica criou um grande problema no período, o próprio Rei Vitor Emanuel II foi excomungado pela Igreja, e todos os fiéis eram orientados a não seguir as regras estabelecidas por ele.
O regime iniciado na Itália em 1920 era um regime fascista, e o líder Benito Mussolini declarou ser um ditador na Itália. Ele percebeu que as relação com a Igreja Católica eram ruins, e quando assumiu o poder em 1925, ele começou uma negociação para que o seu regime tivesse uma boa reputação.
Demorou um longo período para o surgimento do Estado do Vaticano, com as negociações iniciadas em 1926. Nesse período o Papa Pio XI já havia demonstrado a tendência a negociar com o governo. Toda a negociação foi feita por representantes dos líderes, pelo governo o representante era Domenico Barone, e pela Igreja o nome escolhido foi Francesco Pacelli.
Todo o processo de criação do Estado do Vaticano foi demorado e em alguns momentos, os líderes se encontravam insatisfeitos com as atitudes dos outros, até que após um período conseguiram superar as diferenças e chegar a um acordo em comum.
O Tratado de Latrão possui três partes principais: a primeira oficializa a criação do Estado do Vaticano o colocando como um território independente, a segunda o governo italiano se compromete a não interferir nos assuntos internos do Vaticano, e terceira fala sobre a indenização que o governo italiano iria pagar a Santa Sé, que em valores atualizados representa cerca de 1 bilhão de dólares.
Os Papas Que Tiveram O Poder Após O Surgimento Do Estado Do Vaticano:
O Papa Pio XI se manteve no poder até o ano de 1939, totalizando 10 anos no poder do Estado independente do Vaticano.
Papa Pio XI
Após o seu papado, o Vaticano foi assumido pelo Papa Pio XII, que permaneceu no poder até 1958 e foi precedido pelo Papa São João XXIII, que ficou no poder por 5 anos, até 1963.
Em 1963 o Papa João Paulo VI assumiu o Vaticano, permanecendo no poder até o ano de 1978. O Papa João Paulo I esteve na liderança no Vaticano somente no ano de 1978, após ele, foi a vez do Papa João Paulo II, que liderou a Santa Sé até o ano de 2005.
O Papa Bento XVI foi o líder católico entre os anos de 2005 até 2013, e atualmente o líder católico é o Papa Francisco, que assumiu o poder em 2013.
Momentos Históricos Importantes E O Posicionamento Do Estado Do Vaticano
Como o Vaticano é um Estado Independente, ele tem que se posicionar em acontecimentos de nível mundial. Durante a Segunda Guerra Mundial ele se demonstrou neutro, ou seja, não demonstrou apoio a nenhum dos dois lados.
Após o final da Segunda Guerra Mundial a Santa Sé estava perdendo a sua influência, então, inicia-se um processo de diálogo com outras igrejas e também com o mundo laico. O que levou a organização do Concílio Vaticano II.
Ao longo dos anos o Vaticano demonstrou tentar se adaptar a modernidade, mantendo sempre as suas diretrizes, que fizeram com que as relações com o Estado italiano se deteriorassem, principalmente após a condenação da Igreja aos métodos anticoncepcionais e também após o Congresso italiano aprovar o divórcio.
