Nhá Chica – História

A primeira beata do sul de Minas Gerais, Francisca de Paula de Jesus nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei no ano de 1810. Conhecida popularmente como Nhá Chica, ela era filha de uma escrava e entrou para a história como uma mulher santa que ajudou a todos que viviam em seu entorno com sua sabedoria e fé.

São poucos os documentos que guardam registros da existência de Francisca, as informações foram compiladas através da observação do seu testamento, do inventário de seu irmão e do atestado de óbito do mesmo. A pesquisa a respeito dessa personalidade mineira se intensificou para a apresentação de processo de beatificação junto ao Vaticano, Nhá Chica se tornou beata no dia 4 de maio de 2013.

Quem Foi Nhá Chica?

O primeiro registro da existência de Nhá Chica é o seu batismo realizado no dia 26 de abril de 1810. Francisca era humilde, filha de uma ex-escrava era analfabeta de maneira que nunca escreveu nada ao longo da vida. Muito do que se sabe a respeito da beata atravessou os anos por meio de tradição oral. Quando tinha apenas 8 anos de idade, entre 1814 e 1815, Francisca, se mudou com sua mãe e seu irmão mais velho para Baependi, também em Minas Gerais. O motivo para a mudança é desconhecido.

Estátua Nhá Chica

Estátua Nhá Chica

No ano de 1818 a mãe da beata, chamada Isabel, faleceu e em seu leito de morte pediu que sua filha não se casasse para que pudesse se dedicar completamente a Deus. Com 10 anos a menina passou a viver sob a tutela do irmão Theotônio Pereira do Amaral que acredita-se tinha apenas 4 anos a mais que ela. Francisca viveu reclusa em sua casinha, manteve-se solteira e orando fervorosamente até o dia em que veio a falecer, 14 de junho de 1895.

A Analfabeta Mais Sábia

Embora Nhá Chica tenha permanecido analfabeta por toda a sua vida ganhou fama de ser uma mulher muito sábia. Os feitos da religiosa foram longe chegando até o Rio de Janeiro. A senhora Francisca (significado de Nhá Chica) recebia a todos que a procuravam em sua casinha humilde. Consultavam a senhora desde os mais pobres até conselheiros do império que eram atraídos para a região devido as águas de Caxambu que era famosas por seus poderes curativos.

O Irmão de Nhá Chica e a Herança

Theotônio, o irmão de Nhá Chica, foi um homem muito importante na região em que moravam tendo sido tenente da Guarda Nacional, vereador e juiz de vintena. Como de seu casamento não resultaram herdeiros deixou sua fortuna para a beata quando faleceu no ano de 1861. Dentre os bens deixados para a religiosa estavam a casinha em que ela residia, o terreno do entorno e ouro.

Capela Para Nossa Senhora da Conceição

Nhá Chica era devota de Nossa Senhora da Conceição e em 1865 usou parte da herança deixada pelo irmão para construir uma capela para a santa ao lado da sua casa. O que sobrou do dinheiro a religiosa doou para os pobres. Uma história popular contada sobre a construção é que num dado momento o pedreiro disse para ela que não haveria adobe (tijolo feito de barro) suficiente para completar a construção.

Santuário de Nossa Senhora da Conceição - Baependi/ MG

Como não tinha mais dinheiro para comprar tijolos, Nhá Chica, orou fervorosamente para que fosse a quantia suficiente. A fé foi recompensada, pois não faltou e nem sobrou nenhum adobe. A obra foi concluída mais ou menos 30 depois. Em situações como essa quando era indagada sobre os milagres que a cercavam, Nhá Chica, respondia apenas que orava com fé, nada mais.

O Milagre do Órgão da Igreja

Na mesma época da construção da capela foi registrado o que ficou conhecido como o milagre do órgão. Um dia Nhá Chica disse que Nossa Senhora da Conceição havia lhe pedido que adquirisse um órgão para a igreja. Sem saber ao certo do que se tratava consultou o padre que lhe explicou tudo sobre o instrumento. A religiosa pediu que seu amigo, o maestro Francisco Raposo, realizasse a compra do instrumento. Raposo era conhecido por tocar para o imperador.

Instruído de onde deveria comprar o instrumento na capital o maestro conduziu o órgão de trem até a Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. A partir de lá precisou usar um carro de boi, os percalços do transporte fizeram com que o instrumento não funcionasse quando chegou a Baependi. Nhá Chica orou fervorosamente para a santa que lhe disse que o órgão tocaria perfeitamente no dia seguinte às 15 horas. Dito e feito, no outro dia o maestro tocou o instrumento para o povo que se concentrou na capela para ouvir.

A Beatificação de Nhá Chica

No dia 14 de junho de 1895, Francisca, faleceu com 85 anos de idade. Um dos poucos registros a respeito da existência dessa religiosa foi uma entrevista que ela concedeu para o médico e estudioso de hidrologia Dr. Henrique Monat que veio do Rio de Janeiro para saber mais sobre as águas de Caxambu.

14 de Junho, dia de Nhá Chica

14 de Junho, dia de Nhá Chica

O médico que era bastante cético saiu da conversa falando sobre a santidade de Nhá Chica e com a única foto que se tem dela. Um ano após essa conversa em que deu declarações cheias de sabedoria mesmo sendo analfabeta Francisca veio a falecer. No ano de 1940 a capela construída em seu terreno foi demolida e substituída por um santuário que recebeu então os seus restos mortais.

A comissão que buscava a beatificação de Nhá Chica teve início em 1989 tendo terminado em 2012 com a assinatura do Papa Bento XVI em um decreto. Chamada carinhosamente de “Mãe dos Pobres”, Francisca, conta com a atribuição de diversos milagres e graças.

Gostou? Curta e Compartilhe!

Categoria(s) do artigo:
Santos

Artigos Relacionados


Artigos populares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Time limit is exhausted. Please reload CAPTCHA.