Manuel Gómez González foi um Padre, que junto de um coroinha que o acompanhava em visitas as igrejas de pequenas vilas no sertão do Alto Uruguai, região norte do Estado do Rio Grande do Sul, foi brutalmente assassinado, sendo considerado mártir da igreja católica e beatificado há alguns anos.
Biografia
Manuel Gómez González nasceu na província de Pontevedra, em São José de Ribarteme, no dia vinte e oito de maio de mil oitocentos e setenta e sete. Seus pais eram José e Josefina González, ambos agricultores, ele foi o primeiro filho do casal, recebendo o seu batismo um dia após seu nascimento.
O local que a família habitava era bem humilde, basicamente voltado para a agricultura, especialmente a cultura de videiras. A maioria dos habitantes viviam em casas humildes de pedra, construídas a tempos pelos seus ancestrais. Ali havia pouco comércio, basicamente nenhuma indústria. A família em que nasceu Manuel não se diferenciava dos demais da comunidade, eram modestos, mas segundo os relatos, inclusive do próprio Manuel, a família se destacava por seguir fortemente a religião, além de serem virtuosos tanto moral como civicamente.
Ainda jovem, foi despertado em Manuel a vocação para seguir seu futuro na igreja, provavelmente o jovem sofreu influência de seus pais, assim como do ambiente em que estava inserido. Quando ainda era bem criança, foi crismado na igreja de Santiago de Ribarteme, por Dom João Maria Babero, bispo de Túy. Após fazer sua primeira comunhão, ingressou no seminário Diocesano de Túy.
Em vinte e quatro de maio de mil novecentos e dois, terminou os estudos no seminário, sendo então ordenado sacerdote, e podendo exercer seu papel religioso em sua comunidade. Em mil novecentos e quatro, após ser aceito o pedido que havia feito, foi transferido para Portugal, na Arquidiocese de Braga, onde foi pároco das paróquias paróquias de Nossa Senhora do Extremo entre os anos de mil novecentos e cinco até mil novecentos e onze, e de Santo André de Taias e São Miguel de Barrocas, de mil novecentos e onze até mil novecentos e treze.
Vinda ao Brasil
No cenário em que estava vivendo, havia diversas perseguições politicas e religiosas, por isso foi concedido a Manuel a vinda até o Brasil, em mil novecentos e treze. No Brasil primeiro se instalou no Rio de Janeiro, mas rapidamente foi transferido para a diocese de Santa Maria no Rio Grande do Sul. Em dezembro de mil novecentos e quinze foi confiado a suas responsabilidades a paróquia de Nonoai. Seus trabalhos na paróquia foram de grande destaque, pois ele sempre se preocupava com todos os membros da comunidade. Tentava sempre trabalhar com os índios da região. O padre Manuel logo ficou responsável também pela paróquia vizinha a de Nonoai, a paróquia de Palmeiras das Missões.
Adílio – o Coroinha
Padre Manuel tinha para si a missão de visitar colonos teutônicos brasileiros, ele levava consigo sempre um coroinha para o acompanhar nessa missão. O padre havia fundado uma escola, e de lá conseguia encontrar jovens empenhados na missão de Deus. Um desses jovens era Adílio Daronch, que nasceu no dia vinte e cinco de outubro de mil novecentos e oito. Quando o menino tinha cinco anos, a sua família se mudou para Nonoai, lá ele entrou para a escola fundada pelo padre Manuel. Adílio e toda sua família tinham uma ótima relação com o padre Manuel na comunidade, ajudando ele em suas ações de caridade, e sempre o acolhendo em sua casa.
Adílio se destacava por sua inteligência, alegria e bondade. Tinha em si o poder de ser um líder. Sempre colocava o trabalho como acólito a frente de tudo em sua vida, e levava muito a sério as visitas que fazia junto de Padre Manuel. Ele o acompanhava montado em seu burrinho, e confiante em sua fé.
Doloroso Destino
A família de Adílio sofreu pelo período que se seguiu após a sua ida até o município de Nonai. Em mil novecentos e vinte e três o pai foi assassinado, o que fez com que o resto da família de dispersasse, Adílio permaneceu em sua missão acompanhando o padre Manuel.
O cenário na região norte do Rio Grande do Sul não era um dos melhores, o estado estava sob mãos de homens que desejavam vingança pela revolução de mil oitocentos e noventa e três. Mas esses homens matavam sem dó e sem olhar a quem, e o ano de mil novecentos e vinte e três foi marcado por mortes e sofrimento sem fim.
Em mil novecentos e vinte e quatro foi dada a responsabilidade a Padre Manuel de atender as comunidades do sertão do Alto Uruguai. Ele ia até as comunidades do sertão para realizar casamentos, batismos, e primeiras comunhões. Alto Uruguai era uma região fortemente atacada pelos rebeldes, portanto de extremo perigo ao Padre, mas ele se manteve firme a missão que possuía.
No dia vinte e um de maio de mil novecentos e quatro, quando Padre Manuel e Adílio estavam indo fazer uma dessas visitas, caíram numa emboscada armada por soldados. Esses os levaram até o meio da floresta e amarraram os dois a árvores. Depois, mataram ambos com tiros, sendo três no padre e dois no seu coroinha. Os homens que os mataram ainda os roubaram, levando suas montarias e fugindo.
A vinda do padre era esperada na comunidade, e foi surpresa quando eles não apareceram. No dia seguinte começaram a buscar pelo padre, sendo encontrados os corpos. Mesmo depois de quase vinte e quatro horas da morte deles, os corpos estavam preservados, e não haviam sido tocados pelos animais da floresta.
Fama de Santidade
A morte deles os colocou como mártires, que é quando alguém morre em prol de algo relacionado a sua fé, ou não a renuncia mesmo em uma situação muito difícil e que lhe fará perder a vida.
Os corpos foram enterrados em em Nonoai, no Santuário de Nossa Senhora da Luz. E no local em que ocorreu o mártir foi construída uma capela, onde rapidamente começou a se receber a visita de devotos, que buscavam a capela para agradecer e pedir bençãos, o local passou a se chamar Parque do Santuário dos Beatos Mártires do Rio Grande do Sul.
Beatificação
Em decorrência dos crescente relatos de bençãos alcançadas em devoção dos dois mártires, e também pela comprovação de que foram sacrificados no cumprimento do ministério da evangelização, iniciou-se o processo de beatificação em mil novecentos e oitenta e oito. Em dois mil e um a causa da beatificação foi finalmente aprovada.
Em vinte e um de setembro de dois mil e sete foi realizada a missa de beatificação, na cidade de Frederico Westphalen. Foi a primeira beatificação realizada no Rio Grande do Sul.
Oração
“Nas Tuas Santas Mãos, ó Pai de Amor e de Misericórdia, colocamos a nossa vida. Nós te suplicamos poder contemplar a cruz de Teu Filho como os Bem-aventurados Manuel e Adílio o fizeram. Que sejamos tuas fiéis testemunhas até o fim. Que a fé em Ti nos encoraje a enfrentar todas as dificuldades da vida e que um dia estejamos em comunhão contigo na Unidade do Espírito Santo. Amém.”