A religiosidade é uma coisa que está intrínseca ao ser humano. Isso pode ser percebido por conta que mais da metade da população mundial é adepta de alguma corrente ou doutrina religiosa. Na ponta desse ranking, o cristianismo segue liderando, com um total estimado em mais de 2 bilhões e 200 milhões de seguidores em todo mundo. Falando em porcentagem, isso equivale a cerca de 30% da população total no mundo.
E, por conta da grandeza do cristianismo, é normal pensar que, em uma corrente religiosa tão grande quanto essa, é natural que haja vertentes bastante diferenciadas uma das outras, mas sem perder a originalidade e a essência do cristianismo, que é o crer em Deus e que Jesus é o seu filho mandado à Terra para tentar salvar os seus filhos pecadores.
O catolicismo é uma dessas vertentes, podendo ser considerado como a primeira vertente, já que, a partir dela, surgiram as demais vertentes, nos quais podemos destacar a Igreja Ortodoxa e protestantismo.
Uma das diferenças entre o catolicismo e as demais vertentes é o reconhecimento de pessoas que, durante a sua vida, realizaram feitos que transformaram a vida da Igreja, ou, também, doaram sua vida em prol do outro. São os chamados santos ou santas. Para ser considerado santo perante a Igreja Católica, é necessário passar por um processo bastante complexo, no qual o candidato ou candidata precisa ter sido beatificado ou beatificada. É o caso da beata Albertina de Imaruí, no qual iremos dar mais detalhes de sua vida a seguir.
A Vida de Albertina
Albertina Berkenbrock é uma menina brasileira, que nasceu em Imaruí, cidade do estado da Santa Catarina, no dia 11 de abril de 1919, e que era filha de Henrique e Josefina Berkenbrock, tendo mais oito irmãos. Ou seja, uma grande família que era costume na época.
Era uma criança muito doce, segundo seus familiares e amigos, que aprendeu, desde cedo, basear suas ações na fé. Recebeu todos os sacramentos da igreja pertinentes à sua idade, ou seja, o batismo, a comunhão e a crisma, tendo servido à igreja como coroinha.
Segundo esses mesmos parentes e amigos, Albertina tinha prazer em comparecer à igreja, seja para rezar, para acompanhar uma missa ou, simplesmente, para ficar admirando as imagens presentes dentro dela. Eles diziam que, se ela ficava triste, era só comparecer a alguma celebração religiosa que logo ela recuperava a sua alegria. Era uma criança adorada por todos à sua volta. Tamanho era o gosto pela fé que Albertina gostava de rezar terços, encomendar almas para Nossa Senhora e, obviamente, participar de orações com sua mãe.
Albertina também era reconhecida por ser muito humilde, e suportar as humilhações a que era exposta, principalmente, violências por meio de seus irmãos. A menina, no entanto, não reclamava, se mantinha em silêncio, baseando-se no sofrimento de Jesus Cristo na cruz, no qual amou de forma sincera durante toda a sua breve vida. Ajudava o pai na roça e a mãe em casa, sem nunca pestanejar ou reclamar de sua condição e o da sua família, acreditando que aquilo era uma designação divina.
Tinha uma devoção imensa à Nossa Senhora, tendo uma relação de veneração para com ela de uma forma bastante carinhosa, além de ser devota, também, de São Luís. Albertina acreditava que, se levasse sua vida seguindo os dogmas da Igreja, poderia retribuir ao povo bondade e alegria. Portanto, sempre ao agir, tentava pautar sua ação ao que dizia o cristianismo.
E assim foi, durante a sua infância, sempre se pautando religiosamente e vivendo suas virtudes cristãs, como praticar a bondade para com seus iguais, além de pregar sempre o otimismo.
A Tragédia na Vida da Garota Albertina
Albertina seguiu sua vida infantil e religiosa de maneira bastante equilibrada por todos os seus 12 anos de vida. Infelizmente, no dia 15 de junho de 1931, um dos bois de seu pai se empreendeu em uma fuga. Desesperada por conta do possível prejuízo que seu pai poderia vir a ter, Albertina decidiu procurar, por conta própria, o novilho rebelado. Seguiu algumas pistas e, certa que tinha encontrado alguns sinais claros da presença do boi perdido, Albertina encontrou com um dos empregados de seu pai, que se chamava Maneco. Ela, ao contar sua angústia à ele por não encontrar o boi, recebeu a resposta de Maneco que ele tinha avistado o boi. Alegre, ela o acompanhou à mata para poder, finalmente, encontrar o boi. No entanto, ela havia sido enganada, e não tinha se atentado às segundas intenções de Maneco.
Depois de entrarem na mata, Maneco enfim revelou o seu interesse, que era de abusar da menina. Ela, percebendo o perigo, recusou de imediato, por acreditar ser errado perante Deus. E, diante da negativa, ela empreendeu uma luta com Maneco, que acabou dominando a garota e, tomado pela raiva, decidiu matá-la, cravando uma faca em seu pescoço.
Indicando um colega de trabalho seu como o assassino, Maneco visitou várias vezes Albertina em seu velório. E, em todas essas vezes, o ferimento causado por ele à menina sangrava. Muitas pessoas começaram a interpretar isso como um sinal, e passaram a desconfiar de Maneco. No outro dia, o inocente foi solto, depois que ele levou um crucifixo ao peito de Albertina e jurou a Deus não ter cometido o crime. Nesse momento, o sangue parou de jorrar do pescoço da menina.
Maneco foi preso em uma cidade próxima, confessando outros crimes que havia cometido. Encarcerado, se comportou bem na prisão, e morreu alguns anos mais tarde em sua cela.
Albertina passou a ser admirada por todos, passando a ser venerada e, segundo dizem, responsável por operar milagres. O Vaticano, sabendo da história, mandou representantes oficiais da Igreja para apurar os milagres. E, assim, no ano de 2007, comandado pelo então Papa Bento XVI, a Igreja Católica Apostólica Romana elevou a pequena garota ao posto de Beata Albertina. Além de um templo dedicado à Albertina, o seu túmulo também é motivo de peregrinação, já que dizem, é uma fonte de milagres, se você o pedir com bastante fé e convicção.