Neoconservadorismo Religioso

Muito se tem discutido sobre a influência que as religiões têm sobre as decisões tomadas no mundo, tanto na parte política, quando na parte social. Sendo que, a influência sobre a primeira é alvo de polêmica, já que, em vários países declaradamente laicos, ainda persistem influências religiosas nas tomadas de decisões.

Como o mundo hoje está muito mais globalizado que no passado, mais especificamente, na Idade Média, onde instituições religiosas como a Igreja Católica comandavam os atos e pensamentos de todo mundo na época, vários são os questionamentos e protestos que surgiram deste então para que a religião não exercesse tamanha influência na vida cotidiana das pessoas.

O assunto que iremos tratar no nosso artigo de hoje está intimamente ligado com a religião. Hoje, iremos falar sobre os neoconservadores religiosos, grupo esse que surgiu há pouco tempo defendendo os primórdios religiosos. Vamos conhecer um pouco mais sobre eles?

O Surgimento dos Neoconservadores Religiosos

O surgimento dos neoconservadores religiosos tem muita intimidade com os movimentos religiosos que tinham muita influência no passado. Como você deve saber, o Cristianismo é, até hoje, a maior religião do planeta, contando com uma gama que ultrapassa dois bilhões e duzentos milhões de fiéis, apesar de enfrentar uma perda significativa de adeptos com o passar dos anos.

Basicamente, para ser considerado um conservador religioso, basta seguir, à risca, tudo o que a sua religião prega como sendo o certo a se seguir. No caso dos cristãos, por exemplo, o conservador deve seguir tudo aquilo que estiver escrito na Bíblia, que é o livro sagrado para eles e que é o mais vendido de todo o mundo, por sinal. Já foi traduzido para mais de duzentos e cinquenta línguas diferentes. Mandamentos como “não roubarás” ou, até mesmo, “não cobiçais a mulher do próximo” são algumas das passagens presentes na Bíblia, e seguidas incansavelmente por seus seguidores. 

Não há nenhum problema em adotar esse estilo de vida para o cotidiano. O problema se dá quando esse conservadorismo começa a afetar as relações com outras pessoas. No caso, quando uma pessoa tenta impor algo à outra com base em seus conhecimentos religiosos. Muitas vezes, a pessoa a que é incitada a seguir tais preceitos não compartilha da mesma opinião do conservador, o que geralmente desencadeia várias reações negativas.

Podemos destacar um exemplo disso em nosso próprio país. O Brasil, como se sabe, é um país declaradamente laico, sendo tal afirmação presente, até mesmo, na nova Constituição que foi posta em vigor no ano de 1988. No entanto, o que se vê é uma crescente onda de conservadorismo no Congresso Nacional, sobretudo, por grupos religiosos.

Para se ter uma ideia, no longínquo ano de 2006, havia pouco mais de 20 parlamentares que eram ligados a partidos com ideais religiosos e conservadores.  Passados 8 anos, em 2014, esse número saltou para mais de 80 parlamentares. Podemos destacar, aqui, alguns exemplos de parlamentares que estão ligados a partidos religiosos, como os deputados Marco Feliciano, Jair Messias Bolsonaro e o presidente da câmara, deputado Eduardo Cunha. 

Algumas questões levadas para ser debatidas no congresso, frequentemente encontram empecilhos e obstáculos provenientes de tais grupos religiosos. Por exemplo, um assunto que está na mídia atualmente é a legalização do aborto, ou seja, oferecer às mulheres, via Sistema Único de Saúde (O SUS), conforto e segurança se realmente desejarem abortar, para que façam tal operação com dignidade.

Pesa a favor desse argumento o fato que iria-se diminuir muito o número de clínicas clandestinas especializadas em aborto, reduzindo, consequentemente, o número de mulheres que se submeteriam ao tratamento clandestino e pudessem sofrer complicações, sequelas e, até mesmo, mortes, sendo essa última muito comum de acontecer em tais clínicas. Grupos voltados para defender o direito da mulher argumentam também que a mulher tem o direito sobre o seu corpo, podendo decidir se aborta ou decide levar a maternidade adiante (geralmente, os grupos são de ideais feministas).

No entanto, tais argumentos não se validam para a ala conservadora do congresso, muitas vezes, religiosa (daí o significado de neoconservadores religiosos: é a nova geração de conservadorismo religioso). Muitos dizem que o aborto é um crime contra a mulher e contra a vida que estava sendo gerada, utilizando vários meios religiosos para justificar a criminalidade de tal ato. E, o apoio a essa ala do congresso é massiva: o Brasil, apesar de laico, é um país cristão, com maioria católica. 

Tamanha é a influência religiosa no país, que até mesmo campanhas publicitárias tem sido alvo de questionamentos por meio da população. Um exemplo bastante conhecido é a campanha de Dia dos Namorados do Boticário, lançado no Dia dos Namorados do ano de 2015. Na peça publicitária, vários casais comemoravam a data dando um presente da marca para cada um. No entanto, havia vários casais heterossexuais e também homossexuais.  A repercussão foi grande, mas, muitas pessoas não gostaram da peça, reclamando até mesmo ao órgão do CONAR (que é aquele que regulamente as peças publicitárias do Brasil). Tamanha foi a polêmica que O Boticário veio a público manifestar o seu repúdio e afirmar que a empresa considera retrógrado o pensamento acerca dos casais homossexuais. Disse, ainda, que a campanha, por não apresentar quaisquer erros em sua composição, iria continuar a ser exibida. Tal resposta foi crucial para a empresa, que viu sua admiração crescer por todos os lados. 

O caso do homossexualismo é também um tabu muito grande para tais grupos religiosos presentes no congresso. Muitos deles buscam vetar projetos relacionados a essa porcentagem da população, como, por exemplo, a não adoção de crianças por casais homossexuais, com o argumento que o desenvolvimento social e psíquico da criança iria ser prejudicado pela falta de uma figura paterna ou materna na família.

Muitos rebatem, dizendo que não há problema uma família homoafetiva, que várias mães solteiras ou pais solteiros cuidam de seus filhos de maneira digna, sem formar uma tradicional família, que os conservadores tanto pregam.  E, com a medida, várias crianças hoje em abrigos e orfanatos teriam a oportunidade de, enfim, ter uma família. 

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Categoria(s) do artigo:
Religiosidades

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