A Igreja e o Aborto

A religião é um dos assuntos mais delicados que existe. Isso se justifica pela presença maciça delas por todo o mundo, onde mais de 3 mil religiões estão em atividade hoje. Somados a isso, em alguns países, a tradição religiosa é tão fundamentada, que faz parte da cultura e dos costumes de um país.

O Brasil, por exemplo, é um país declarado laico, ou seja, que não adota nenhum tipo de religião oficial e, por isso, respeita todas as práticas religiosas. No entanto, a nação é essencialmente cristã, com maior enfoque ao catolicismo –inclusive, é o país com o maior número de católicos do mundo- e ao protestantismo. O Santuário Nacional de Aparecida, na cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo, é um belo exemplo de como é o poderio cristão-católico no país, já que a Basílica é o maior templo dedicado à Maria de todo o mundo.

E, como a essência do país é extremamente religiosa, não seria incomum a intromissão das doutrinas em assuntos que cercam a sociedade como um todo, que é o caso da legalização do aborto. Nesse artigo, você vai conhecer um pouco mais da relação entre as religiões e a legalização do aborto, bem como algumas outras informações a respeito. Vamos lá?

O Aborto

O aborto nada mais é do que a interrupção da gravidez pela expulsão do feto do útero da mulher. Isso pode ocorrer tanto involuntariamente, quanto voluntariamente. Involuntariamente, por meio do aborto espontâneo, onde o próprio organismo da mulher mata o feto que estava sendo gerado. E, voluntariamente, quando a mãe se submete a tratamentos clandestinos a fim de se retirar ou feto ou tenta fazer isso manualmente, utilizando de objetos pontiagudos (como agulha de tricô).

É uma prática já bastante antiga, que sempre está envolvido em polêmicas justamente por questões relacionadas à ética e a moral, além, também, da carga religiosa que incide sobre a decisão do aborto. 

Existem vários tipos de aborto, como o aborto espontâneo, já mencionado acima, o aborto terapêutico, que é realizado com o intuito de salvar a vida da mãe, feito em fetos que, ao nascer, manifestariam doenças congênitas e outros problemas, para evitar uma gravidez múltipla, entre muitas outras razões, na qual ganha-se o nome de aborto eletivo.

Há, também, os casos de aborto que envolve a vítima de estupro, onde a mulher é forçada pelo homem a manter relações sexuais com ele, sem o seu consentimento, obviamente. Nesses casos, como o Estado não oferece, de imediato, o aborto por causa de violência sexual, muitas acabam por optar fazer o procedimento abortivo em clínicas clandestinas, na qual as qualidades do serviço são questionáveis, principalmente, por causa da higiene onde os procedimentos são feitos.

Os perigos de se realizar um aborto em clínicas não credenciadas são inúmeros. Desde a inexperiência do responsável por executar a ação do aborto, e as más condições de conservação e higiene dos instrumentos utilizados. Tudo isso pode afetar a saúde da mulher, e fazer com que ela desenvolva doenças, como infecções, e, atém mesmo, levar à morte, por conta de hemorragias, por exemplo. 

Os movimentos religiosos, principalmente, a Igreja Católica e as Evangélicas se posicionam fortemente contra o aborto – posicionando-se contra, também, a uso de meios contraceptivos, como camisinhas e pílulas anticoncepcionais- alegando que isso seria um atentado contra a vida, o que é condenável segundo a Bíblia, o livro mais vendido de todo o mundo e sagrado aos cristãos. Dizem ainda que, a mulher que comete o aborto, é uma assassina e, portanto, deveria ser excomungada da religião cristã, caso a pessoa frequentasse alguma doutrina do cristianismo.

Movimentos contrários ao pensamento das Igrejas, sobretudo, os feminista, rechaçam a tese promovida pelas instituições religiosas. Dizem que, como o estado é laico, ou seja, sem ligação com qualquer religião, a opção de aborto deveria ser disponibilizada pelo estado, estando a cargo e consciência da mulher sobre o aborto, ou seja: caberia ela decidir se quer ou não abortar.

Muitas ainda dizem que, com a regulamentação do aborto, o número de tais procedimentos ia, curiosamente, cair, já que, em locais onde é permitido, há todo um acompanhamento psicológico feito à mulher antes do procedimento, o que pode reverter o aborto. Mas frisam que o direito de abortar deve ser único e individual da mulher, sem a interferência de religiões e outras entidades. Argumentam que a proibição a todas as mulheres, inclusive aquelas sem religião, a seguir um dogma religioso, seria um atentado a liberdade humana. 

Já as Igrejas e pessoas que se auto clamam “pró- vida”, ou seja, são contrárias ao aborto, rebatem ,dizendo que o aborto não vitimava apenas a mulher, mas sim o feto, que é considerado uma vida em formação. Ainda argumentam que a morte do feto não foi pela própria escolha, mas foi por escolha de um terceiro que, no caso, é a mãe.

E, no caso do Brasil, pela sua grande essência religiosa, a discussão sobre a legalização do aborto toma ares muito polêmicos. Tamanha é a repercussão dos fatos, que a legalização do aborto pode ser comparada com a legalização da maconha, que , também, é amplamente defendida pelos movimentos que apoiam o direito da mulher à escolha. 

Embora a religião cristã seja maciçamente contra o aborto, nada sobre o tema está presente na Bíblia e muitos historiadores argumentam que as posições dos cristãos primitivos sobre o tema foram as mais diversas possíveis. E, por conta disso, muitos são a favor da vida e contrários ao aborto; mas há uma crescente leva de cristãos que se consideram pró-escolha, ou seja, deixam a cargo da mulher decidir se segue com sua gravidez ou se realiza o aborto, sem julgamentos futuros.

Um dos argumentos de quem defende a escolha da mulher nesse processo é que a consciência dela é que deve decidir sobre isso e, as possíveis consequências desses atos, serão sofridas apenas por ela e por mais ninguém. Por conta disso, não acham correto decidir por alguém sobre como guiar sua vida. 

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Categoria(s) do artigo:
Religiosidades

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