Para que um indivíduo, seja religioso ou leigo, possa se tornar um santo católico precisa contar com o clamor popular, ou seja, ter algum comportamento – seja social ou religioso – que o destaque dos demais fiéis. Basicamente precisa ser alguém passível de devoção.
Partindo da existência desse clamor popular a trajetória do aspirante a santo é avaliada pelo Vaticano que observará com atenção três condições básicas: milagres comprovados, martirização ou canonização devido a decreto papal. Continue lendo para entender um pouco melhor.
Decreto Papal: Sem Comprovação de Milagres
O decreto papal exclui a necessidade de comprovação de milagre para que um indivíduo seja beatificado e canonizado. Um exemplo de santo por decreto é o do santo português São Nuno de Santa Maria, um carmelita que faleceu em 1431 aos 71 anos de idade. Em 1918 ele foi beatificado por decreto, contudo, somente foi canonizado em 2009 pelo papa Bento XVI.
No Brasil há um santo proclamado por decreto papal, São José de Anchieta que foi um jesuíta espanhol falecido em 1597, recebeu a canonização como Apóstolo do Brasil através do papa Francisco em 2014. O religioso foi declarado santo com base em sua vida dedicada a realizar a evangelização, ele chegou ao nosso país com apenas 19 anos de idade.
Martirização: Sem Comprovação de Milagres
Outra forma de ser canonizado sem a exigência de comprovação de milagres é ser mártir em decorrência da fé. Em 2017, por exemplo, os sacerdotes Ambrósio Francisco Ferro e André de Soveral assim como o leigo Mateus Moreira foram canonizados. Eles foram assassinados em nome de sua fé, no século 17, por soldados holandeses dentro de uma igreja no interior do Rio Grande do Norte. Além dos três mais 27 pessoas, inclusive crianças, também foram tornadas santas por terem perdido suas vidas no mesmo episódio.
Milagres
Um indivíduo, religioso ou leigo, pode ser reconhecido como santo católico a partir da comprovação de milagres. Havendo um milagre comprovado ele se torna beato e será canonizado mediante a comprovação de um segundo milagre. Um exemplo desse tipo de canonização é o da Irmã Dulce que, aliás, teve a terceira canonização mais rápida da história, fica atrás somente de Madre Teresa e São João Paulo II.
Para que o pedido de canonização por milagres seja analisado é necessário encaminhar para o Vaticano uma série de comprovações e documentos redigidos em latim que é a língua da Igreja. Há um número significativo de santos, beatos, veneráveis e servos do Senhor na Igreja Católica.
Processo de Pedido Para Canonização
A seguir explicaremos como funciona o processo de solicitação de canonização.
– Encaminhamento de Pedido de Canonização
O primeiro passo para dar entrada no processo de solicitação da canonização é solicitar assessoria para o Dicastério para a Causa dos Santos que é uma congregação de Roma. A partir dessas orientações os processos de beatificação são encaminhados para que possam ser instaurados na Igreja.
– Etapas do Processo
O processo de beatificação deve ser preparado quando há um indivíduo, religioso ou leigo, considerado santo numa cidade ou estado. É necessário registrar a piedade popular assim como a devoção ao milagre de maneira que o indivíduo passa a ser um Servo de Cristo. Com a abertura do processo de beatificação na Congregação de Roma esse indivíduo passará ser considerado como venerável.
Na sequência é realizado um processo de investigação e pesquisa para determinar a procedência dos milagres e virtudes heroicas para que a beatificação possa ocorrer. Para se tornar beato é imprescindível que haja a comprovação de um milagre. Havendo a comprovação de um segundo milagre é possível solicitar a proclamação de santo.
– O Caso de Irmã Dulce
A canonização de Irmã Dulce ocorreu passando por todas essas etapas sendo então um bom exemplo para entender melhor o processo. Houve um primeiro milagre que fez com que a religiosa fosse beatificada e um segundo milagre que a tornou Santa Dulce dos Pobres.
O primeiro milagre atribuído à religiosa ocorreu em 2001, orações para a santa teriam ajudado a cessar uma hemorragia de mais de 18 horas de mulher que acabava de dar a luz em Sergipe. O segundo milagre ocorreu em 2014 quando um maestro que era cego há 14 anos voltou a enxergar e disse que foi graças à intervenção da santa baiana.
O caso de Irmã Dulce se destaca na história de canonizações por ter sido a terceiro mais rápido da história. Levou somente 27 anos de pesquisa após seu falecimento (um tempo bem curto) para a sua canonização. Mais rápido do que isso apenas a canonização de São João Paulo II que aconteceu 9 anos depois de seu falecimento e de Santa Teresa de Calcutá, 19 anos depois de sua morte.
Quem Foi Irmã Dulce?
Nascida em 1914, em Salvador, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes tornou-se célebre como Irmã Dulce. A ela foi atribuída a alcunha de ‘anjo bom da Bahia’ tendo sido responsável pela construção de uma gigantesca obra de assistência social gratuita. Tendo enfrentado resistência de governos e até de seus pares da Igreja, Irmã Dulce, nunca desistiu de ajudar os mais necessitados. A religiosa faleceu em 1992 aos 77 anos de idade.
Impulso do Turismo em Salvador
A canonização de Irmã Dulce, pelo papa Francisco, contribuiu para dar impulso no turismo em Salvador, local de seu nascimento e da construção de sua obra de assistência aos mais necessitados. O número de turistas que visitam o Largo de Roma, na Cidade Baixa, cresceu consideravelmente. As pessoas querem ver de perto as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), uma instituição de atendimento de saúde grátis, e o Santuário de Dulce dos Pobres.
A Osid inclusive criou um roteiro para relembrar os passos da religiosa em vida, o ponto inicial é a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, onde a freira foi sepultada em 1992. O passeio segue para a Igreja São João Paulo II, nos Alagados, região da cidade em que ela deu início aos seus trabalhos de assistência social em 1935.
O tour ainda passa pelo Largo de Roma e pela Capela das Relíquias – local para onde os restos mortais da santa foram transferidos. Para finalizar os turistas são levados para a Igreja do Senhor do Bonfim, que está a 500 metros do Largo.
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