A crucificação de Jesus é um dos eventos bíblicos de maior impacto para a Igreja Católica. Acredita-se que ele ocorreu entre o ano de 30 d.C. a 33 d.C. Nesse momento Jesus, que era considerado o Messias e o Filho de Deus, foi preso pelos romanos, sendo julgado pelo Sinédrio (conjunto de juízes que seguiam a Lei Judaica), sendo condenado por Pôncio Pilatos, que era o governador de Roma. Após sua condenação, Jesus foi flagelado e somente depois foi executado na cruz.
Tal episódio também é chamado de Paixão de Cristo, considerado o momento em que ele sobe aos céus, mas também caracterizando o sofrimento pelo qual Jesus passou até o momento de sua morte.
Detalhes sobre a Crucificação de Cristo
Esse evento foi descrito nos quatro evangelhos canônicos, mas, além disso, é um evento que foi comprovado por diversas fontes antigas não cristãs, sendo completamente estabelecido que ele realmente ocorreu, mesmo que não haja um consenso geral sobre todos os seus detalhes.
Para os cristãos a crucificação de Jesus era algo premeditado e irremediável, ou seja, deveria ocorrer, e já havia sido prevista na Bíblia Hebraica, quando é dito no salmo 22 e nos cânticos de Isaías que existiria um servo sofredor.
Segundo o que está descrito na Bíblia, Jesus foi preso no Getsêmani, uma clareira que ele usava para orar, após ter realizado a Última Ceia com seus doze apóstolos. Nessa ceia ele anunciou a sua partida, também anunciou que a sua prisão ocorreria devido a um de seus apóstolos, que teria o traído em troca de dinheiro, assim como previu atos que outros apóstolos teriam diante da situação da crucificação.
Após ter sido preso, ele foi levado até o Sinédrio para ser julgado, naquela altura Jesus era um homem muito popular em Roma, e muitos zombavam da sua afirmação de que ele era o Filho de Deus. A multidão que assistiu ao julgamento feito por Pôncio Pilatos e Herodes Antipas logo se “empolgou” com a presença de tal homem em um julgamento, e não pouparam esforços para humilhar Jesus.
Após o julgamento ele foi chicoteado, e recebeu dos soldados romanos um robe púrpura e uma coroa feita completamente de espinhos, eles zombavam dele o chamando de “Rei dos Judeus”. Ele teve que fazer uma caminhada, carregando a cruz em que ele seria crucificado, nessa caminhada foi flagelado, surrado e cuspido, completamente humilhado, tanto pelos soldados como pela população que acompanhou todo o percurso.
Quando chegou ao Gólgota, uma colina onde ocorria as crucificações, lá ofereceram a ele uma bebida, que disseram ser vinho misturado com mirra, mas na verdade, era vinagre. Segundo os evangelhos de Marcos e de Mateus, ele recusou a bebida, ficando em silencio. Então ele foi pregado na cruz, que foi erguida em meio a duas outras onde estavam sendo crucificados dois ladrões.
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas contam que diversos eventos sobrenaturais ocorreram durante o tempo que Jesus estava na cruz, o céu se escureceu, há relatos também de que ocorreu um terremoto, e segundo o Evangelho de Mateus, santos ressuscitaram durante esse período.
Quais Eram Os Métodos Utilizados Na Crucificação?
O Novo Testamento não fornece detalhadamente como era o processo de crucificação, havendo divergências em alguns pontos.
Os cristãos acreditam que ele foi crucificado em um cadafalso com uma cruz tradicional de duas traves, sendo assim que sua imagem é retratada até os dias de hoje, porém, há alguns fatos históricos e descrições desse momento que fazem estudiosos crerem que na verdade era utilizada somente uma estaca comum, em outras descrições, o cadafalso é descrito como sendo similar a letra “T” e não há uma cruz de duas traves.
Assim como o formato da cruz, o número de pregos usados para que ele fosse colado a ela é uma dúvida, já que alguns relatos dizem que eram três outros quatro, e alguns até falam em números mais altos, como quatorze pregos. Esses pregos, ou cravos como eram chamados, eram usados para fixar os seus membros na madeira, passando completamente por eles. Outro fato contraditório é onde os pregos foram batidos, podendo ser tanto nas mãos como nos pulsos de Jesus. Acredita-se que também eram usadas cordas, além dos pregos, para que ele ficasse preso a cruz.
Também havia uma plataforma de apoio para os pés, já que as mãos não suportariam o peso por muito tempo, causando a morte de forma muito mais rápida, alguns relatos não confirmam esse apoio, mas acredita-se que ele existia.
Eventos Após a Sua Morte
Jesus ficou pregado na cruz por aproximadamente seis horas, sendo considerado o horário de sua morte três horas da tarde de uma sexta feira. Os soldados dividiram entre si suas vestes, tirando na sorte para saber quem ficaria com suas roupas, eles também não precisaram quebrar as pernas de Jesus, já que ele morreu antes desse momento, normalmente, se a pessoa que estava sendo crucificada passasse muito tempo na cruz, eram quebradas suas pernas para que acelerasse sua morte.
Depois de constatado que ele morreu, José de Arimateia e Nicodemos retiraram seu corpo da Cruz, e levaram o corpo para ser enterrado em um túmulo que havia sido escavado em uma rocha.
Após dois dias de sua morte, segundo os evangelhos, Jesus ressuscitou dos mortos e apareceu para diversas pessoas em um período de quarenta dias, depois disso, ele voltou pra o céu, para se sentar ao lado direito de seu Pai. Esse dia é celebrado no Domingo de Páscoa.
Para os cristãos, a morte de Jesus era um sacrifício consciente, fato para que ele se preparou durante toda a sua vida, e por isso mesmo ele nem tentou se defender durante os seus julgamentos. Ele concordou em sacrificar a sua própria vida para que pudesse redimir os pecados da humanidade, tornando assim possível para que todos fossem salvos pelo seu pai.
O Que Estava Escrito Na Cruz De Jesus Em Hebraico?
Acima da Cruz que foi usada para a sua crucificação os soldados escreveram a frase “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus” em uma placa, como forma de zombar das suas afirmações.
Na placa foi usada a siga INRI, que em latim significa: Iesus Nazarenus Rex Iudeorum. Além disso, tal frase também foi escrita em grego: “Ο Ιησούς από τη Ναζαρέτ Ο βασιλιάς των Εβραίων” e em hebraico: “ישו מנצרת מלך היהודים”. Todas tendo a mesma tradução.
Apesar da tradução mais aceita ser “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”, há algumas variações nos evangelhos que contam sobre esse momento. Sendo elas:
- “Este é Jesus, o Rei dos Judeus” (encontrada em Mateus 27:37);
- “O Rei dos Judeus” (encontrado em Marcos 15:36);
- “Este é o Rei dos Judeus” (encontrada em Lucas 23:38);
- “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus” (encontrado em João 19:19).
Por Que Essa Placa Era Usada?
Normalmente, durante a crucificação de alguém, o motivo da execução era escrito em uma placa para que todos soubessem o porquê tal pessoa teve que ser executada, sendo assim, o crime de Jesus foi se auto intitular Filho de Deus, e ganhar apreço dos judeus, com seus atos, o que também desagradou os líderes judeus.
No julgamento o crime correspondido a ele foi o de blasfêmia contra a lei de Deus, que era seguida por todos os judeus, porém, os romanos não seguiam a religião judaica, por isso, ele foi acusado de rebelião contra o Império Romano. Porém, quando ele foi interrogado foi comprovado que a acusação não tinha fundamentos, mas, os líderes judeus insistiam que ele desafiava a César, já que ele se intitulava Rei dos Judeus (uma inverdade em relação a Jesus). Com isso, mesmo que Pilatos não concordasse totalmente com a crucificação, ele deixou que ela ocorresse para que não existisse a possibilidade de César se sentir ameaçado.
A placa foi escrita nas três línguas principais faladas na região, para que todos entendessem que aquele homem se considerava um rei. A inscrição na placa também servia como uma espécie de aviso, para que o povo soubesse que não deveriam se rebelar contra Roma.