Na Igreja Católica, existe a denominação de Santo, que é algo sagrado, que está em conformidade com preceitos religiosos e com a divindade católica. No catolicismo, as pessoas que são denominadas santas já estão no céu, junto de Deus e são pessoas que fizeram algo extraordinário em vida.
Os Santos da Igreja Católica
Os santos são reconhecidos pela Igreja Católica através da canonização, um processo que em muitos casos é longo e exige a comprovação de milagres ocorridos por meio da intercessão por tal pessoa.
Os fiéis católicos praticam a veneração de santos, ou seja, o culto para determinadas personalidades, que contam com vários devotos e orações pedindo sua intercessão. Segundo a doutrina Católica, Deus é a própria Vida e os santos estão vivos no céu junto dele, podendo então interceder por aqueles que pedem ajuda para eles.
Alguns santos são considerados padroeiros de uma causa ou uma profissão. Nesse caso, os fiéis recorrem a eles quando algo relacionado a essa causa está ocorrendo, por exemplo, alguns santos intercedem por doenças específicas, dessa forma, quando há alguém doente é realizada a oração para esses santos.
Atualmente, para ocorrer o reconhecimento de um santo há um processo longo e bem burocrático, chamado de canonização, que só ocorre após a morte do indivíduo, já que qualquer pessoa viva, segundo os dogmas católicos, pode pecar até o último momento da sua vida.
O processo é regulamentado pela Constituição Apostólica. Resumidamente, ele se inicia quando um bispo toma a iniciativa de entrar com o pedido de canonização, então, a pessoa será investigada para a Igreja saber mais sobre sua vida e virtudes e possíveis milagres. Primeiro, quando se comprova um milagre a pessoa se torna mártir, após isso, se comprovado outro milagre a pessoa é canonizada, se tornando santo. A comprovação do milagre é feita por especialistas da área após muita investigação.
No entanto, a Constituição Apostólica foi criada somente no século XV, e foi apenas no ano de 1983 que o Papa João Paulo II definiu as normas oficiais para a instrução das causas de canonização.
Antes disso, algumas pessoas se tornaram santas por determinação do Papa da época, seguindo as suas regras e nada era estabelecido de maneira definitiva. Um desses casos é o Santo Aleixo, que viveu no século IV, em Roma. Esse Santo possui uma história muito interessante, que pode ser conferida abaixo:
Santo Aleixo
Aleixo nasceu no ano de 350, na cidade de Roma, ele era o único filho de um senador romano, de grande influência local, chamado Eufemiano. Seu pai tinha uma grande fortuna e dessa forma, Aleixo era o herdeiro de uma grande riqueza.
Sua educação foi completamente feita na fé cristã, algo que não era habitual na época, já que o Império Romano perseguia os cristãos. Segundo contam os relatos sobre a sua vida, ele era conhecido desde pequeno como alguém caridoso, impressionando a todos em sua volta, já que nunca fazia distinção de pessoas.
Quando Aleixo atingiu a juventude, seus pais arranjaram um casamento para ele, como era costume em tempos passados. Aleixo se casou com uma mulher cristã como ele.
No dia da noite de núpcias Aleixo revelou a sua intenção para a esposa: ele desejava se consagrar completamente para Deus e não deveria consumar o casamento. A esposa de Aleixo, por ser muito cristã, também tinha a intenção de se entregar totalmente a Deus, dessa forma, de total acordo, os dois decidiram não consumar o matrimônio e atender o chamado que eles haviam recebido.
Dedicação Completa a Sua Devoção
Assim, Aleixo e sua esposa não consumaram o casamento e ele se viu livre para seguir a sua verdadeira devoção, então, ele decidiu abandonar toda a sua fortuna e ir viver o mais próximo possível de Deus, fazendo uma peregrinação por diversas cidades, onde ele espalhava a sua palavra de fé.
Aleixo passou por diversas cidades até chegar a Edessa, localizada na Síria. Lá ele permaneceu por mais tempo, vivendo próximo a Basílica de São Tomé, onde fazia suas orações e dividia as esmolas que ganhava com os pobres.
Em Edessa haviam muitos mendigos nas ruas, muitas vezes doentes, e ele passou a orar e pedir pela cura de todos aqueles que cruzavam o seu caminho e estavam com necessidades. Segundo conta a história, logo ocorreram vários milagres de cura após a sua oração e o que o tornou muito conhecido na comunidade. Ele decidiu ir embora, já que seu desejo era permanecer como uma pessoa anônima.
Quando saiu de Edessa, ele voltou a sua vida de peregrino, passando por muitos lugares, no entanto, o que o esperava não era algo acolhedor, mas sim um caminho de grande sofrimento. Como andarilho, Santo Aleixo foi extremamente maltratado por diversas pessoas, apanhava muito, o que fez com que até mesmo a sua aparência fosse modificada.
Já muito machucado e sofrendo, ele voltou a Roma para pedir ajuda para seu pai.
Eufemiano, seu pai, não o reconheceu e negou a ajuda que ele solicitava, no entanto, ele pediu para que o homem tivesse compaixão dele, que era a imagem e semelhança de Jesus Cristo, e que permitisse que ele ficasse em qualquer canto daquele grande palácio.
O Senador acolheu o peregrino e ordenou que ele passasse a trabalhar na cocheira dos animais. Apesar de ser o homem bom que era, ele decidiu permanecer no anonimato e passou 17 anos trabalhando na cocheira do palácio de seu pai.
Durante esses 17 anos ele foi muito humilhado por parte dos criados e de diversas outras pessoas, apesar da humilhação, ele nunca revidava nada que ocorria com ele, vivendo sempre orando e em paz consigo mesmo.
Morte e Reconhecimento da sua Santidade
Após 17 anos de trabalho e vivendo completamente no anonimato, Aleixo percebeu que sua morte já estava próxima e que ele não se sentia mais forte. Assim, um pouco antes da sua morte ele entregou para outro criado um documento que comprovava a sua verdadeira identidade.
Esse criado foi um bom companheiro e o ajudou na hora de sua morte, no entanto, ele somente entregou o documento para os santos de Aleixo quando ele já havia morrido, no dia 17 do mês de julho, sendo ele sepultado no cemitério que era reservado para os criados.
Ao ser revelada a sua verdadeira identidade, seus pais ficaram consternados. Ao longo dos anos eles haviam notado que aquele era um criado bondoso, sereno e pacífico, mas, nunca haviam imaginado que ele era realmente Aleixo, seu filho.
Assim, eles decidiram exumar o seu corpo e seu pai construiu um túmulo próximo a sua casa, para que os seus restos mortais fossem guardados.
Após a sua exumação a fama de Santo Aleixo se espalhou por entre todos os cristãos de Roma, assim, ele começou a ser cultuado e adorado por toda a população.
No ano de 1217 se deu início a construção de uma Igreja dedicada a São Bonifácio no local onde ficava localizada a antiga casa dos pais de Aleixo, em um monte conhecido como Aventino.
Quando começaram as escavações para a fundação da nova igreja, foram encontrados os restos mortais de Aleixo, que são as suas relíquias. Então foi decidido que a Igreja seria construída em sua homenagem, sob as ordens do Papa Honório III.
Ainda no século X, antes da construção da sua igreja, um bispo chamado Sério de Damasco fundou o Mosteiro de Santo Aleixo, na cidade de Roma. O mosteiro pregava uma vida simples e pobre para ser seguida por todos os monges que o habitavam.
Já no ano de 1817 ele foi nomeado como o segundo patrono da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, devido ao exemplo que ele foi em vida de humildade, caridade e muita paciência.
Abaixo você pode conferir a Oração de Santo Aleixo:
“Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz e tudo cria, revelando-se sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, dai que busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o Simples, o Indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-nos a retidão no falar e no agir, a compaixão no acolher e a dedicação em servir, pois realizar essas coisas é participar das vossas bem-aventuranças. Por Cristo nosso Senhor Amém. Santo Aleixo, rogai por nós.”