História
Amabile Lucia Visintainer é o nome da hoje conhecida como Santa Paulina. Nascida em dezesseis de dezembro de mil oitocentos e sessenta e cinco, filha de Antônio Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer, era a segunda filha do casal, seu irmão mais velho era Ernesto Giovanni Visintainer. A família era muito pobre, e morava numa região muito ruim da Itália, na época viviam uma fase de falta de trabalho, e nesse tempo o governo brasileiro oferecia terrenos para imigrantes. Foi em vinte e cinco de setembro de mil oitocentos e setenta e cinco que cento e trinta famílias, inclusive a de Amabile, partiram para o Brasil, nessa época a família já era composta por seis filhos, Ernesto, Amabile, Luigi, Giuseppina, Mansueto, Manoel e José. Ao chegarem ao Brasil foram recebidos por um Padre,e após um tempo vivendo em albergues, firmaram casa no interior catarinense, próximo ao rio, ali se desenvolveu uma vila, e foi nesse ambiente que Amabile foi criada. Seus pais eram extremamente religiosos, e Amabile se encantou também com a religião. Pedia sempre para a mãe lhe ensinar as orações, desde muito jovem, começou trabalhar ainda em sua terra natal, numa fábrica de seda, aos oito anos, era tão caridosa que dividia sua merenda com os colegas de trabalho mais pobres. No Brasil frequentava a igreja de sua nova vila, e trabalhava nela para ajudar. Sua mãe Ana exercia trabalhos agrícolas, e quando ela saia Amabile cuidava dos irmãos, seu pai era pedreiro. Amabile também cuidava com muito amor de sua avó doente, desde pequena seus colegas a chamavam de “santa”.
Na vila onde se estabeleceram no Brasil, Amábile conheceu Virginia, a jovem era um pouco mais velha que Amabile, mas seguia o mesmo caminho dessa, muito espirituosa e gostava de ajudar os outros, a partir de então as duas se tornaram grandes amigas. Quando os pais das duas se uniram e construíram um moinho de moer milho, as duas foram trabalhar nele, e passavam os dias juntas, orando e cantando canções religiosas. Na vila o povoado só falava sua língua nativa, foi contratada uma professora para alfabetização e catequese dos menores. Amabile não conseguia aprender a ler nem escrever, passaram a acreditar que ela portava um atraso mental e ficou decidido que no dia da sua comunhão a menina iria pedir para Jesus que ele lhe concedesse a graça de ler. No dia de sua comunhão, a menina então fez um pedido, se aprendesse a ler, dedicaria toda sua leitura a livros religiosos e durante esse pedido ela declamou “quero ser toda de Jesus”, a menina, que encontrava-se com um livro na mão, então o abriu, e percebeu que conseguia ler, fizeram testes e ela realmente começará a ler.
No ano de mil oitocentos e vinte e dois, o Padre que visitava o povoado fez um pedido a Amabile e Virginia, pediu a elas ajuda para catequizar as crianças, limpar a capela, e ajudar as pessoas doentes. As duas empenharam-se muito nesse trabalho, a parte preferida de Amabile era visitar os doentes e conceder-lhes momentos de oração. Nesse época, com o esforço das duas, o povo ficou mais unido e religioso. Com o tempo as duas começaram a pensar em construir um casebre próximo a igreja, para que elas ficassem ainda mais juntas de Deus.
A mãe de Amabile faleceu quando ela tinha vinte e dois anos, com isso além de todo o trabalho que realizava na comunidade, ela também cuidava de casa e dos irmãos, com o passar do tempo seu pai se casou de novo, e ela pode focar novamente em sua vida religiosa.
Dedicação à Religião
Na vila que moravam havia um novo padre, esse estimulou a construção de uma capela para Nossa Senhora de Lourdes, Amabile e Virginia ficaram encarregadas de conseguir o dinheiro para comprar a imagem, as duas plantaram mandioca, venderam e arrecadaram assim o dinheiro para a imagem. Entre anos de mil oitocentos e oitenta e oito e mil oitocentos e noventa foi quando Amabile estava seguindo o real caminho de Deus, ela sonhou por três noite com Nossa senhora de Lourdes, que lhe fez um pedido, na primeira noite, ela somente viu a santa, que acenava para ela, na segunda noite a santa lhe disse que ela deveria começar uma obra, para a salvação de suas filhas, e na terceira noite pediu uma decisão de Amabile, a qual respondeu que estava ao dispor da santa, no sonho apareceu também o padre da Vila, Marcelo Rocchi. Após o sonho a menina confessou ao padre seu desejo de se dedicar inteiramente as obras da santa, e ele apoiou o desejo dela. Ela seguiu sua vida junto com Virginia, ajudando a todos da comunidade. Em um determinado momento, chega a vila uma senhora muito doente, com câncer, a comunidade deixa as duas meninas cuidando dela, foi então que um padre da época teve a ideia de criar um pequeno hospital na vila. Foi doado um casebre para que as duas moças morassem junto com a senhora doente, afim de cuidar dela, mas a população viu com maus olhos a iniciativa, nessa época as mulheres ainda possuíam poucos direitos, e sair da casa dos pais era absurdo, mas o pai de Amabile lhe apoiou, e então com vinte e cinco anos ela saiu de casa e sua amiga Virginia também, elas cuidavam da moça doente, e sofreram muito pois a população não concordava com a ação, após a morte dela, outras mulheres enfermas foram lá para serem cuidadas. Em mil novecentos e noventa e um uma nova moça quis se unir a elas, Teresa, elas passaram a fazer serviços domésticos, costurar, trabalhavam na roça e faziam de tudo para se sustentarem, mas viviam na pobreza, foi então que uma doença acarretou amabile, e ela foi dada como morta, mas um tempo depois voltou a vida.
O padre da cidade vizinha, Novo Trento, decidiu criar um “hospital” maior para as mulheres na cidade grande próxima do povoado, foi em mil novecentos e noventa e quatro que as três partiram então para esse lugar, e lá continuaram o trabalho, cuidando dos enfermos e trabalhando. Mas um ano depois, um novo padre chegou e não viu nada de especial no trabalho das moças, esse queria destruir o hospital e manda-las para a casa, elas fizeram então um pedido ao bispo, que visitou o local e ficou encantado com o serviço delas, elas não queriam apenas continuar o serviço, queriam firmar ali uma congregação, e isso lhe foi concedido, elas passaram por diversos preparativos e em mil oitocentos e noventa e cinco, firmaram a congregação, Amabile passou a ser Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Virginia passou a ser Irmã Matilde da Imaculada Conceição, e Teresa passou a ser Irmã Inês de São José.
Com o passar dos anos ela virou Madre Paulina, e mais moças receberam o Hábito religioso. No ano de mil novecentos elas já contavam com vinte religiosas, todas passavam o dia cuidando dos pobres e enfermos. Em mil novecentos e um irmã Paulina faz um voto de caridade. Em mil novecentos e três foi chamada para uma missão em São Paulo, a qual ela aceitou e levou junto seu pai, e duas irmãs. Lá ela se estabeleceu e seguiu na sua missão. Houve então um momento de dor para ela, em mil novecentos e nove ela foi destituída do cargo de madre superiora por ser considerada muito insubmissa, ela havia ganhado esse cargo com o voto de todas as suas vinte e uma irmãs religiosas, mas ela aceitou, e voltou como súdita para a congregação que fundou e esteve a frente por seis anos. Ela viveu praticamente em exílio durante nove anos, partiu novamente para São Paulo, foi trabalhar na santa casa de misericórdia, vivia triste de saudades da irmã de sua congregação. No ano de mil novecentos e dezessete perdeu sua grande amiga Virginia. Em mil novecentos e dezoito ela partiu para a Casa da Mãe em São Paulo, onde tinha importantes tarefas, ela permaneceu lá por vinte e três anos. Ela adoeceu com o tempo, teve o braço amputado, devido a diabetes, mesmo assim, ela continuou trabalhando, mas com o tempo a doença piorou, morreu em mil novecentos e quarenta e dois, no dia nove de julho, passou por esses anos com muitas dificuldades, mas ainda abençoou algumas novas irmãs e esteve sempre a frente dos trabalhos.
Milagres
Por ter sido tão boa em vida, durante todos seus setenta e seis anos vividos, após a sua morte a população continua a rezar em seu nome. Foi no ano de mil novecentos e sessenta e seis, que foi confirmado seu primeiro milagre, em Santa Catarina, Eluíza Rosa de Souza passou por momentos difíceis, ela teve a morte intra-uterina do feto e sua retenção por alguns meses, ao tentar remover, sofreu uma hemorragia com choque irreversível, o caso era grave, foi então colocado em seu peito um pedaço de roupa da Madre Paulina, e pediram ajuda a ela, foi então uma cura instantânea. Com esse milagre ela foi então beatificada.
Seu segundo milagre ocorreu em mil novecentos e noventa e dois, a menina Iza Bruna Vieira de Souza nasceu com uma má formação no cérebro, no quinto dia de vida ela passou por uma cirurgia onde apresentou crises convulsivas e parada cardiorrespiratória, e as chances de vida eram pequenas, a avó da criança rezava o tempo todo por Madre Paulina, e quando parecia que ela já não iria se recuperar a avó colocou um um retrato de Madre Paulina do lado da criança, vinte e quatro horas depois a menina estava curada.
Em mil novecentos e dois ela é então canonizada e passa a ser conhecida como Santa Paulina do Coração agonizante de jesus. É conhecida como a primeira santa brasileira.
Ernesto giovanni visintainer era irmão de Paulina, permaneceu por um bom tempo a ajudando, sempre apoiou a sua decisão de se dedicar a Deus, seu filho Francisco Visintainer, ficou vivo para ver a canonização da tia, ele relembra da época com muito orgulho, e diz que a tia sempre o ajudou, na época onde passou mais necessidade.