Para entender a forma como os samaritanos adoravam a Deus é necessário compreender quem eles são e qual a origem desse grupo religioso. Continue lendo para entender o contexto histórico do nascimento da corrente religiosa samaritana bem como as suas crenças e divergências com os judeus.
Contexto Histórico da Origem dos Samaritanos
Após a morte de Salomão, o reino de Israel foi dividido em duas partes, o Reino do Norte e o Reino do Sul. O primeiro corresponde a Israel e tinha como capital Samaria enquanto o segundo tinha sua sede em Jerusalém e era chamado de Reino de Judá. No reino do norte estavam reunidas 9 tribos. Cada reino teve sua própria história sendo que o Reino do Norte foi conquistado pela Assíria cerca de 700 anos antes do nascimento de Jesus.
Os moradores da região foram em grande parte deportados, permaneceram em Israel apenas os mais pobres como agricultores. Aos poucos esses remanescentes foram perdendo a sua identidade religiosa, em parte pelos casamentos realizados com estrangeiros assírios. A religião local acabou se tornando uma mescla entre a adoração de ídolos dos povos pagãos que por lá chegaram e o Deus do povo hebreu.
Os estrangeiros tornaram-se de certa forma tementes a Deus recebendo ensinamentos a seu respeito por meio dos livros de Moisés, mas não deixaram seus antigos hábitos de lado. Os moradores de Samaria que se casaram com estrangeiros tornando-se em parte idólatras passaram a ser conhecidos como samaritanos. Há certa divergência entre os samaritanos e os judeus sendo que os últimos consideram os primeiros como ‘mestiços’.
Conflitos Com o Reino do Sul
O Reino do Sul resistiu por 200 anos a mais do que o Reino do Norte tendo sido conquistado em 587 e seus moradores enviados em exílio para a Babilônia. Há uma menção bíblica de que quando esses judeus retornaram para Jerusalém tentaram reconstruir o templo dedicado a Deus enfrentando resistência dos samaritanos que sabotavam a construção.
No entanto, de acordo com alguns registros históricos os samaritanos teriam tentado ajudar o grupo do sul a construir o templo recebendo uma recusa como resposta. Por sua vez os samaritanos mantiveram sua fé em YHWH tendo construído um templo em Guerizín que ficava sob a responsabilidade de sacerdotes com descendência sacerdotal.
Durante muito tempo houve uma grande rivalidade entre os dois grupos de hebreus, a situação começou a mudar quando Jesus pregou pela paz. Os apóstolos continuaram esse trabalho com o objetivo de unificar os grupos.
Adoção do Pentateuco
A religião dos samaritanos adotou o uso do Pentateuco (livros de Moisés) como base, porém, com algumas alterações. Os samaritanos aceitam apenas cinco livros de Moisés não considerando válidos os escritos dos profetas e não seguindo tradições judaicas.
Um dos principais pontos de divergência é o reconhecimento do Monte Guerizín como o mais relevante ao invés do Jerusalém. De acordo com os samaritanos esse era o local que Moisés havia apontado para ser adorado pela nação dos hebreus.
Crenças dos Samaritanos
Depois do Pentateuco, o Memar Marqah, é o texto mais relevante para os samaritanos constituindo-se na fonte teológica mais antiga dessa corrente religiosa. Basicamente existem cinco crenças essenciais para os samaritanos, sendo elas:
– Deus é o único Senhor e como ele não há ninguém;
– Deus escolheu Moisés como profeta por excelência;
– Os samaritanos são os guardiões da Lei haja vista a Lei dada por Deus a Moisés;
– O monte Guerizín é o lugar sagrado escolhido por Deus para ser adorado pelo seu povo, é o umbigo do mundo;
– Quando Ta’eb retornar haverá restauração de todas as coisas e será então iniciado o período de vingança e recompensa. Haverá a reconstrução do templo de Guerizín bem como os ímpios serão destruídos.
Samaritanos nos Dias Atuais
A cidade sagrada para os samaritanos é Nablus, na Cisjordânia. O território é predominantemente ocupado por palestinos sendo que há cerca de 300 samaritanos. Fica a somente 63 km ao norte de Jerusalém e está numa posição estratégica entre os montes Ebal e Gerízin, sagrados para religiões distintas.
Atualmente, os samaritanos compõem um pequeno grupo étnico-religioso cuja origem remonta a Samaria. Há em torno de 750 samaritanos divididos entre a cidade de Nablus e Jolon (próximo a Tel Aviv) onde há um bairro próprio para eles nomeado como Nevé-Pinjás. Durante muito tempo houve a recusa de que samaritanos se casassem com não-samaritanos algo que resultou numa série de problemas genéticos decorrentes da pouca variação de genes entre a população reduzida.
Observando essas questões houve certa abertura para que homens samaritanos se casassem com mulheres não-samaritanas, judias em sua maioria. O idioma principal desse grupo é o árabe e o segundo é hebraico moderno. Tanto o hebraico quanto o aramaico samaritano são usados apenas na liturgia não sendo falados no dia a dia. Os samaritanos não têm rabinos e nem aceitam Talmud (coleção de livros sagrados para os judeus em que estão reunidas discussões rabínicas).