A religião é um dos assuntos mais complexos do mundo atualmente. Uma das explicações mais plausíveis para isso é o tamanho espectral que as religiões abrangem no mundo, já que mais de três mil delas estão em atividade hoje. Dentre esse grande número, três se destacam, como sendo as mais seguidas do planeta: O Cristianismo, o Islamismo e o Hinduísmo.
O Cristianismo é, atualmente, a maior religião do planeta. Concentrando cerca de 30% da população mundial – que remete a 2,2 bilhões de pessoas- o Cristianismo é dividido em três vertentes principais, nas quais podemos destacar o Catolicismo, o Protestantismo e a Ortodoxa, sendo que a primeira delas é a maior do mundo em atividade, sendo que as outras duas vertentes são derivadas da primeira.
E, quando se fala em religião no Brasil, logo se pensa na íntima relação que existe entre ela e a política, mesmo estando na constituição do país à laicidade da nação, ou seja, sem a adoção de uma religião oficial. No Congresso Nacional, existe a Frente Parlamentar Evangélica, mais conhecida como a bancada evangélica, que é o assunto do nosso artigo de hoje. Aqui, você vai conhecer um pouco mais dessa polêmica ala do congresso, bem como algumas informações relevantes. Vamos lá?
A Bancada Evangélica no Congresso
A Bancada Evangélica nada mais é que a presença de parlamentares de diversos partidos, que são declaradamente religiosos evangélicos. É majoritariamente composto por pessoas de ordens protestantes, sendo que parlamentares católicos não fazem parte de tal bancada, apesar de se tratar de assuntos religiosos na qual o catolicismo também têm opiniões parecidas.
A bancada evangélica tem por objetivo discutir os principais assuntos da atualidade, com a igualdade de gênero, a questão do aborto e a legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo. Como evangélicos, os parlamentares estão presentes lá para a defesa dos valores religiosos que eles creem ser os corretos. Por conta disso, votam contra projetos de lei que viabilizam a igualdade de gênero, o casamento homoafetivo e a legalização do aborto. Tais posições, considerada conservadores, são sempre muito criticadas.
Os críticos argumentam que a imposição religiosa na hora da decisão de assuntos que visam atingir todo o contingente nacional, e não somente àqueles que se declaram religiosos. Dizem ainda que, caso se sintam ofendidos com a prática, por não se equivalerem aos seus ideais religiosos, é somente não o fazer, mas sem interferir no direito do outro.
Um dos argumentos mais fortes que os críticos usam ao comentar as medidas tomadas pela bancada evangélica, é a laicidade do Brasil. Como já está exemplificado no começo desse artigo, o Brasil não adota qualquer tipo de religião oficial e, por conta disso, respeita todas as manifestações religiosas que forem cultuadas no território brasileiro.
Além de leis que viabilizariam o casamento homoafetivo, os evangélicos que ocupam os cargos de parlamentares também são contra a adoção de crianças por casais homossexuais, bem como a criminalização de atos como a homofobia, ou seja, penalizar criminalmente pessoas que pratiquem atos homofóbicos contra gays, lésbicas e transexuais. Além desses atos, os evangélicos tentavam, junto ao Conselho Federal de Psicologia, derrubar os vetos que tinham como objetivo impedir psicólogos que tratem a homossexualidade como doença.
Por falar nisso, em 1993, a OMS, Organização Mundial da Saúde, retirou a homossexualidade da lista de doenças e distúrbios mentais, fazendo com que, além da extinção da condição como doença, extinguiu também a palavra “homossexualismo”, sendo que o sufixo “-ismo” indica, segundo a gramática, doença. No entanto, o uso dessa palavra ainda é constante no meio social, apesar de ter entrado em declínio.
Além dessas ações, os componentes da bancada evangélica procuram aprovar o Estatuto da Família, onde estaria definido o conceito de família a ser seguido, ou seja, de um pai e uma mãe, fechando o espaço aos casais homossexuais. Com tais ações, os evangélicos buscam aprovar a heteronormatividade no Brasil.
Se a bancada evangélica se convertesse em um único partido político, seria o terceiro partido com maior número de cadeiras no congresso, sendo superado apenas pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB , e do Partido dos Trabalhadores, o PT.
Críticas Direcionadas à Bancada Evangélica
Além das críticas direcionadas à bancada evangélica, onde está a imposição de uma religião em um país laico para decidir leis que são comuns à todos os cidadãos, outras críticas estão relacionadas com a situação jurídica de parte dos seus componentes.
Acusações como improbidade administrativa, formação de quadrilha, sonegação de impostos e outros, são apenas alguns dos crimes que rodeiam cerca de 25 parlamentares que fazem parte da bancada evangélica. Outras críticas direcionadas a esse grupo é o uso de fiéis religiosos como massa de manobra, ou seja, induzindo-os a fazerem algo a favor dos próprios deputados, além da interferência deles em leis que são considerados verdadeiros avanços em termos sociais e das minorias presentes no país.
Eduardo Cunha
Talvez a figura mais conhecida pela população, o deputado peemedebista Eduardo Cunha , atual presidente afastado da Câmara dos Deputados, é um dos mais ativos da bancada evangélica. Iniciou sua carreira na política em 1989, ajudando o então candidato Fernando Collor a se eleger presidente, em uma acirrada disputa com o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois disso, presidiu a Telerj, antiga companhia de telefonia do Rio de Janeiro, se candidatou pela primeira vez a um cargo eletivo na política no ano de 1998, sendo eleito suplente de um deputado na Assembleia Legislativa do Estado, no ano de 2001. Depois, em 2002, se elegeu pela primeira vez como deputado federal, pelo PPB, e, depois, pelo PMDB, se reelegeu deputado nos anos de 2006, 2010 e 2014. Quando exerceu seu mandato de presidente da Câmara, em primeiro de fevereiro de 2015 até o dia 5 de maio de 2016, foi investigado pela Operação Lava Jato, por suspeitas de crimes cometidos por ele. Por conta disso, no dia 5 de maio, em decisão unânime, o STF optou por seu afastamento, tanto do mandato de deputado, quanto do de presidente da Câmara.