Quem Foi o Primeiro Santo da Igreja Católica?

Ser declaradamente cristão nos primeiros séculos após a crucificação de Jesus Cristo era uma tarefa que demandava muita coragem devido à intensa perseguição que a então minoria sofria. Hoje em dia pode parecer estranho se referir a cristãos como uma minoria, mas essa era a situação no período do desenvolvimento do cristianismo primitivo. Recursar-se a adorar deuses como Apolo, Júpiter e Minerva era algo para os mais fortes.

Curiosamente mesmo nesse cenário nada favorável para ser cristão muitas comunidades passaram a seguir as ideias de Jesus Cristo. Um personagem muito importante para ajudar nessa difusão foi Paulo de Tarso – que viria a se tornar São Paulo – que inicialmente era um perseguidor de cristãos, mas após ter uma epifania se tornou o principal divulgador da palavra.

Santo da Igreja Católica

Santo da Igreja Católica

Graças a Paulo o número de conversões aumentou consideravelmente em pouquíssimo tempo. O principal relações públicas do cristianismo pagou com sua própria vida, mesmo nos momentos mais difíceis se manteve altivo e resoluto em sua fé. Esse contexto é importante para entender como surgiram os primeiros santos.

Perseguição aos Cristãos

O período transcorrido entre o primeiro século do cristianismo e o Édito de Tolerância (311 d.C.) concedido pelo imperador Constantino foi marcado por episódios de graus distintos de perseguição aos cristãos. No entanto, o momento histórico mais difícil para os cristãos em termos de perseguições com certeza foi entre os séculos 3 e 4 (conhecido como período das Grandes Perseguições).

Durante os governos de Valeriano e Diocleciano a repressão à fé cristã foi bastante ampla e violenta. Os seguidores de Cristo passavam por verdadeiras sessões de tortura e diversos horrores. Para se ter uma ideia Inácio de Antioquia (35 – 108), que foi um teólogo relevante do cristianismo primitivo, foi devorado por leões no Coliseu de Roma como uma forma de entretenimento.

As crucificações continuaram depois de Jesus Cristo, inclusive acredita-se que São Pedro morreu numa cruz de cabeça para baixo. Santo André, também apóstolo, morreu numa cruz em forma de X. A crueldade dos castigos relegados aos cristãos parecia não ter limite, o diácono Lourenço de Huesca (225 – 258) foi colocado sobre uma grelha em cima de brasas – como num churrasco – para que torrasse até a morte. De acordo com a lenda ele encarou o martírio com bom humor dizendo aos carrascos que podiam virá-lo já que um dos seus lados já estava bem passado.

Perseguição Violenta e os Primeiros Santos

Quando os romanos aplicavam castigos cruéis contra os cristãos certamente não imaginavam que estavam ajudando a Igreja Católica a se fortalecer ainda mais. Os relatos das mortes dos mártires eram repassados para cristãos de todas as partes de maneira que esses feitos fossem reconhecidos e esses indivíduos ganhassem o status de heróis. Os relatos por escrito eram enviados para que os poucos letrados lessem para grupos maiores que depois transmitiam oralmente para mais pessoas.

É possível observar reflexões teológicas já num relato de martírio do século 2 conhecido como Martírio de Policarpo.

Martírio de Policarpo

Martírio de Policarpo

O sacrifício do bispo é comparado com o sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Não demorou para que aqueles que seguiam os passos do Cordeiro de Deus passassem a ser venerados também por seu comportamento de fé e justiça. Tornou-se comum atribuir um cuidado especial para os restos mortais dos mártires, quando sobrava algo.

Cultos

Os restos mortais eram levados para um local que pudesse servir de ponto de encontro para a celebração dos mártires, algo que acontecia anualmente. Geralmente os lugares escolhidos eram cemitérios secretos ou catacumbas quando o local ficava em Roma. O mais importante é que os locais estivessem fora do alcance dos olhos dos romanos.

Sendo assim quanto mais os romanos torturavam e matavam cristãos mais adicionavam datas de celebração ao calendário dos seguidores de Jesus. Vale dizer que as celebrações eram verdadeiros rituais com direito a veneração dos túmulos dos mártires, leitura de orações e salmos e acredita-se que até mesmo a realização da Eucaristia.

Fim das Perseguições a Cristãos

Quando as perseguições a cristãos tiveram fim as celebrações dos mártires já estavam consolidadas entre as comunidades cristãs. Igrejas já haviam sido construídas sob locais em que se encontravam os túmulos, o solo nesses lugares era considerado sagrado. Com o passar do tempo o cristianismo se tornou a religião número um do Império Romano e a igreja percebeu que poderia conquistar mais fiéis a partir do compartilhamento das histórias dos seus mártires.

Afinal eram pessoas que seguiram o exemplo de Jesus e se entregaram em sacrifício por sua fé. Os fiéis poderiam pedir auxílio para os mártires, uma forma de ter intercessores junto aos céus. A narrativa pautada pelo sacrifício dos cristãos que entregaram suas vidas para manter sua fé tinha muita força junto aos novos fiéis.

Os Eremitas

Outro movimento que teve grande influência no surgimento dos primeiros santos católicos foi o dos eremitas. A partir do ano 320 muitos cristãos da Síria e da região do Rio Nilo passaram a deixar seus povoados para viver em isolamento em meio a florestas ou desertos. Eles se alimentavam apenas de vegetais crus que encontravam no local e de algum alimento doado por passantes que sentiam pena deles.

Vivendo na penúria essas pessoas passavam o dia todo em preces e contemplação. Os eremitas abriam mão dos confortos e certezas da vida normal para se dedicar somente a sua fé sem nenhum tipo de distração. No entanto, esse comportamento contemplativo não passou despercebido e logo eles se tornaram verdadeiras celebridades. Aos eremitas eram atribuídos poderes de cura milagrosos.

Um dos eremitas de maior destaque na história cristã foi Antão, o Anacoreta cuja história foi narrada por Atanásio de Alexandria. A biografia de Santo Antão é bastante popular até os dias de hoje e ajudou a abrir caminho para a proposta de santidade dos eremitas. Nem todos os eremitas apostavam no simples isolamento social, alguns como São Crisóstomo – que passou muitos anos rastejando como um animal para poder expiar seus pecados – seguiam uma linha mais radical.

Da mesma forma que os torturados pelos romanos, os eremitas que se propunham a intensas privações, foram considerados como mártires. Foi a partir desses contextos que surgiram os primeiros santos católicos embora ainda não fossem nomeados dessa forma.

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Curiosidades

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