O nome verdadeiro de Nhá Chica é Francisca de Paula de Jesus, ela foi a primeira mulher negra brasileira a ser considerada beata pela igreja católica.
História de Nhá Chica
Francisca era descendente direta de escravos, sendo seus avós e seus pais escravos, ela nasceu no ano de mil oitocentos e dez, no interior de Minas Gerais, no povoado de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, pertencente ao município de São João del Rei. Quando Francisca ainda era uma criança mudou-se com sua família para Baependi, município também de Minas Gerais.
Sua família era muito humilde, e passavam por algumas dificuldades, quando Francisca tinha apenas dez anos de idade ficou órfã, e teve que começar a se virar sozinha, pois sua única companhia era seu irmão de doze anos. A mãe de Francisca era muito devota a Nossa Senhora, e ensinou a filha a se manter no caminho de Deus, após a morte dela, Francisca se agarrou ainda mais a essa crença, que tanto lhe trazia conforto como também a fazia sentir-se mais próxima de sua mãe. Com o tempo, cada vez mais, ela passou a seguir o que acreditava que Nossa Senhora concordaria, ela inclusive a pedia permissão antes de suas ações.
Antes de sua morte, sua mãe havia lhe aconselhado a não se casar, pois dessa forma ela poderia se dedicar mais a ajudar aqueles necessitados. Seguindo o conselho da mãe, ela rejeitou todas as propostas de casamento que recebeu, permaneceu na casinha que fora dos seus pais, e lá passou a fazer tudo que fosse possível para ajudar os que precisavam. Ela ajudava principalmente por meio das orações, com isso, sua fama começou a crescer, muitas pessoas a procuravam em busca de conselhos e de orações, ela atendia a todos sem discriminação, desde os mais favorecidos até os mais pobres. Chegou um tempo que pessoas iam até ela para perguntar se deviam ou não fazer algo, e só realizavam se ela consentisse. Depois, começaram a vir pessoas de outras cidades, no mesmo intuito, de pedir conselhos e também orações, ela tinha somente uma restrição para os atendimentos que realizava, resguardava a sexta, pois dizia que era o dia de orações e penitências, em decorrência da Morte e Paixão de Cristo, era nesse dia também que organizava sua casa e lavava suas roupas. Além das orações que ela fazia por todos, dividia com os pobres sua comida, ela também recebia algumas doações daqueles que acreditavam em sua causa.
Nhá Chica não sabia ler nem escrever, ela acreditava que isso não era necessário, apesar de querer ouvir as escrituras santas, quando tinha esse desejo alguém as lia para ela, e então ela ficava feliz. Ela dizia também que não tinha poderes, somente pedia com muita fé a Nossa Senhora, e essa a atendia.Seu único acompanhante de vida era Félix, um escravo liberto que a ajudava na manutenção de sua capela, ela se sentia bem em estar sozinha, seu irmão que cresceu muito de vida em Baependi a convidava para morar com ele, mas ela sempre recusou.
O seu grande sonho era construir uma capela para que pudesse orar, porém era algo muito difícil para uma mulher nas condições dela. Como Nhá Chica era extremamente conhecida, ela começou a receber muitas doações para esse fim, e após a morte de seu irmão, que deixou toda a herança dele para ela, ela pode então dar inicio a realização desse sonho, em mil oitocentos e sessenta e cinco, e era uma capela a Nossa Senhora da Conceição.
Nhá Chica passou a ser conhecida como Santa de Baependi pelos moradores da região, e após a sua morte, houve um fato estranho. Ela morreu em mil oitocentos e noventa e cinco, de causas naturais, pois já vinha adoecida a alguns anos. Sua feição depois de morta não mudou em nada, então o médico decidiu esperar mais um dia para sepulta-la, acontece que ele teve um chamado em outra cidade, e o sepultamento dela teve que ser adiado por mais três dias. Com a notícia de sua morte vieram pessoas de varias cidades para velar o corpo, impressionantemente o seu corpo não apresentou sinais de decomposição, pelo contrário, os que estiveram presente diziam que ela exalava um perfume de rosas. Seus corpo foi sepultado na capela que elas construiu, pois era um desejo seu em vida. Após a morte dela, ela não foi esquecido, as pessoas continuaram a visitar a capela e a pedir bençãos a ela.
Em mil novecentos e noventa e oito seu corpo foi exumado, e surpreendentemente os pedreiros e os membros da Igreja que estavam presente na exumação também sentiram exalar um perfume de rosas, cento e três anos após a morte dela. O processo de beatificação é longo, e precisa de um milagre confirmado, após isso, é preciso uma análise dos membros da igreja. Nhá Chica foi oficialmente beatificada em quatro de maio de dois mil e treze.
Instituto Nhá Chica
O instituto Nhá Chica, ou Associação Beneficente Nhá Chica foi criado em mil novecentos e cinquenta e quatro, sendo uma entidade filantrópica, beneficente e educacional e também sem fins lucrativos. Ele foi criado com o intuito de promover, acolher e reconstruir a vida daqueles mais necessitados, assim como Nhá Chica queria fazer com todos.
Em sua descrição sobre o Instituto, diz-se que o objetivo principal é dar continuidade a obra que Nhá Chica começou, ajudando não somente o lado social, mas também promovendo a fé daqueles que o frequentam. O instituto ajuda cerca de duzentos crianças e adolescentes, entre meninos e meninas.
As crianças que ali são ajudadas ficam no instituto em regime de seminternato, sendo atendidas todas as necessidades necessárias para crescerem com perseverança. Ali elas podem contar com aulas de reforço para todas as matérias da escola, aula de educação física, além de aulas de música, dança, artes manuais, informática, elas também aprendem noções de higiene pessoal, técnicas de sociabilização. Além de receberem alimentação e acompanhamento psicológico, que também pode ser usado pelas as famílias das crianças. Também acolhem-se nesse instituto crianças que passam por problemas em lares desestruturados, e permanecem no instituto até que se encontrem um lar para que sejam acolhidas ou voltem para as famílias.
O instituto conta com o apoio das Franciscanas do Senhor, que é uma congregação fundada na Itália com o mesmo intuito, ajudar crianças carentes. É um trabalho harmonioso e que com certeza deixaria Nhá Chica feliz, pois promove uma boa vida tanto social como espiritual para crianças necessitadas.
Oração a Nhá Chica
“Deus nosso Pai, vós revelais as riquezas do vosso Reino aos pobres e simples. Assim agraciastes a Bem-Aventurada Francisca de Paula de Jesus, Nhá Chica, com inúmeros dons: Fé profunda, Amor ao próximo e grande Sabedoria. Amou a Igreja e manteve uma terna devoção à Imaculada Conceição.Por sua intercessão, concedei-nos a graça de que precisamos (pedir a graça). Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.” – (+Dom Fr. Diamantino Prata de Carvalho, OFM. Bispo Diocesano de Campanha-MG)