A religião caracteriza-se como uma complexa rede de informações e rituais, visto que, muitas vezes, elas tem um objetivo em comum, que é a adoração de seres divinos. No Cristianismo, por exemplo, Deus é o centro da religião, devendo a todos aqueles que seguem a doutrina adorá-lo, prestando veneração e Ele através de orações e comparecendo às missas e cultos.
No entanto, a religião cristã não é a única religião no planeta, embora seja a maior de todas elas, que contabilizam mais de 3 mil seitas e doutrinas. As três maiores religiões do planeta são o Cristianismo, o Islamismo e o Hinduísmo.
No entanto, existem outras seitas, menores que as três mais conhecidas, mas também com um grande número de adeptos. É o caso do Gnosticismo, que é o tema do nosso artigo de hoje. Aqui, você vai conhecer um pouco mais sobre a doutrina, além de alguns fatos interessantes que rondam essa religião. Vamos lá?
Definição de Gnosticismo
Gnosticismo é um agrupamento de correntes filosóficas de ordem religiosa sincrética que, por seu conteúdo, chegou a praticar mimese com os princípios cristãos, nos primeiros séculos depois do nascimento de Cristo. Tamanha era a filosofia teológica do movimento, o Gnosticismo foi considerado como “Alta Teologia”.
Muitos argumentam que, ao contrário do que as pessoas pensam, o Gnosticismo não foi inspirado no Cristianismo, mas sim, o Cristianismo que foi criado inspirado no Gnosticismo. Entretanto, a demora em se confirmar tal fato advém da falta de documentos necessários que sejam datados de tempos antes da fundação do Cristianismo pelas mãos de Jesus Cristo que, depois de Deus, é a figura mais importante para os Cristãos.
O estudo do gnosticismo, bem como da exploração do cristianismo primitivo, só veio a se concretizar no recente ano de 1945, com a descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi, que é uma grande coleção de textos gnósticos do Cristianismo primitivo no qual a maioria dos documentos está redigida em copta, mas, também, incluindo alguns manuscritos em grego.
A palavra gnosticismo teve origem de Henry More, quando este estudou os Sete Selos do Apocalipse. More utilizou tal palavra com o intuito de descrever de forma clara a heresia em Tiatira, capítulo este que esta compreendido entre Apocalipse 2:18 até Apocalipse 2:29, no volume do Apocalipse da Bíblia, o livro sagrado para os cristãos que é, até hoje, o mais vendido de todo o mundo.
No entanto, o primeiro a usar o termo gnóstico foi Irineu de Lyon, conhecido teólogo e escritor cristão. Seu dia litúrgico é o dia 28 de Junho, segundo a Igreja Católica, Anglicana e Luterana. Já a Igreja Ortodoxa dedica o dia 23 de Agosto, quase dois meses após o dia declarado pelas outras instituições como o dia de São Irineu de Lyon.
Características Básicas do Gnosticismo
As características básicas do gnosticismo não são uniformes, nem únicos. No entanto, para que pudessem ser traduzidos como características, as semelhanças deveriam existir e, felizmente, existem. Deve-se ter em mente que nem todos os sistemas gnosticistas são compactuáveis uns com os outros, em se tratando da forma que cada um conduz a sua religião. Particularmente, as seguintes características que serão expostas a seguir estão intimamente relacionadas com o gnosticismo cristão. Confira.
-As expectativas de um mundo advém, segundo alguns preceitos gnósticos, de um erro. No entanto, a benevolência procederá à medida que o meio material permitir tal ação;
-Jesus, que é uma figura importante do cenário cristão, é visto como uma encarnação do ser supremo – que, no caso, é Deus- que tinha como propósito principal apresentar a “gnosis” à humanidade. Já entre os mandeístas, que são seguidoras do mandeísmo, seita considerada pré-cristã, Jesus foi um farsante, ou seja, um falso messias. Isso porque, segundo eles, Jesus perverteu todos os ensinamentos a Ele confiados por João Batista. Já outras congregações gnósticas identificam outras figuras como sendo as primordiais na missão de salvação na religião: Maniqueu e Sete, sendo esse último o terceiro filho de Adão e Eva e sendo, consequentemente, irmão de Caim e Abel.
– A ambição do descobrimento dos segredos que o vasto Universo esconde. Muitas seitas gnósticas dizem que o pecado não impede a ninguém alcançar a salvação, mas sim a ignorância, falta de informação. Por isso, segundo eles, o conhecimento é primordial. Tamanha é a sua importância, que ele não era apenas um meio de salvação, mas sim, a única esperança de salvação.
O Dualismo
Comumente, os sistemas gnósticos são classificados como dualistas, ou seja, a visão dos gnósticos está infundada no dualismo radical que, segundo eles, regem as normas na relação entre Deus e o mundo. Por consequência, também regem as relações entre o mundo e o homem.
O dualismo radical diz que havia duas forças divinas co-iguais, nas quais se conflitaram entre a escuridão e a luz. Por conta do caótico envolvimento de ambos nos conflitos, alguns elementos cruciais da luz ficaram retidos sob a guarda das trevas, que passou a dominar o cenário. Por isso, o propósito da criação material se baseia na maneira de se extrair os elementos que ficaram presos na escuridão. O processo é lento e, quando finalizado, poderá fazer com que a luz volte a dominar e as trevas passem a ser apenas um personagem secundário na vida da humanidade.
O Estudo dos Gnósticos
Por ser uma ordem que possui muita riqueza cultural e religiosa, os gnósticos são sempre estudados pelas instituições de pesquisa. No entanto, o seu estudo não é tão simples quanto parece, haja a dificuldade de se reunir muitos documentos para estudo, por conta da falta destes para estudar. Por isso, a descoberta da Biblioteca de Nag Hammad, há 71 anos, foi importante, pois deu um salto gigantesco de informações.
Antes da descoberta, a única fonte na qual os pesquisadores se baseavam para os estudos era a Igreja Primitiva Cristã, através dos heresiologistas da Igreja, que davam o seu testemunho. Deve-se imaginar o quão era difícil e desanimador trabalhar com fatos ditos por terceiros e não por meio de documentos que comprovassem. Mesmo assim, muito foi extraído dos sacerdotes.