Com um dos papados mais curtos da história, Papa João Paulo I, permaneceu 33 dias na posição de maior destaque da Igreja Católica. Nascido em Canale d’Agordo, Itália, tendo como nome de batismo Albino Luciani foi papa entre os dias 26 de agosto de 1978 a 28 de setembro de 1978. Ficou conhecido sob a alcunha de ‘Papa do Sorriso’ por sua grande simpatia.
Em 7 de novembro de 2017 foi proclamado Venerável numa sessão ordinária da Congregação para a Causa dos Santos, última etapa antes de ser beatificado. Continue lendo para conhecer um pouco mais sobre a sua história desse papa cujo falecimento ainda gera algumas controvérsias.
Papa João Paulo I: Sem Coroação Formal
João Paulo I foi o primeiro Papa desde Clemente V a negar a realização da cerimônia da coroação formal. O Papa eleito pode determinar de que maneira deseja dar início ao seu pontificado e essa cerimônia embora seja uma alternativa não é uma obrigatoriedade. O Papa do Sorriso declarou que não poderia ser carregado numa liteira devido a sua humildade.
Os papas eleitos depois de João Paulo I optaram por realizar uma cerimônia que desse início ao mandato contando com a entronização e o juramento de fidelidade. Foi pioneiro também ao adotar um nome papal duplo em homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII. Uma curiosidade é que esse foi o primeiro Papa a ter nascido no século 20.
Um Pouco Sobre a Vida de João Paulo I
Nascido sob o nome de batismo Albino Luciani, no dia 17 de outubro de 1912, no norte da Itália ele era o filho mais velho tendo dois irmãos e uma irmã. O nome dado por seus pais foi uma homenagem a um amigo da família que faleceu tragicamente numa explosão numa mina de carvão na Alemanha. Sempre teve grande humildade e cresceu observando o exemplo de seu pai chamado Giovanni que era socialista e para sustentar a família buscava emprego em outros países durante o período da Primeira Guerra Mundial.
A mãe de João Paulo I chamava-se Bertola e era bastante dedicada a Igreja Católica tendo incentivado seu primogênito a seguir pelo caminho da formação religiosa. O futuro Papa começou os seus estudos teológicos no seminário de Minori em Murano e os concluiu no Seminário Georgiano em Belluno. A ordenação de padre ocorreu no dia 7 de setembro de 1935.
Nomeação de Bispo
Albino Luciani não era um religioso com grandes ambições, no entanto, recebeu a nomeação de bispo pelo Papa João XXIII e a nomeação de cardeal pelo Papa Paulo VI com a titulação de São Marcos. Ele participou do Concílio Vaticano II que foi convocado por João XXIII em 1962.
Eleição de Papa
Em 26 de agosto de 1978, Albino Luciani com 65 anos, era o Patriarca de Veneza e foi eleito como Papa no conclave realizado após o falecimento do Papa Paulo VI. Esse resultado foi considerado impressionante, pois havia grande favoritismo para Giuseppe Siri um cardeal considerado superconservador e o nome certo para o trono de São Pedro. Sua vitória aconteceu por 99 votos a 11.
De acordo com relatos, Luciani, ficou simplesmente atônito quando entendeu que foi eleito Papa e considerou inclusive declinar do cargo. O cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado ao seu lado, o convenceu a aceitar essa honra. As palavras do cardeal teriam sido as seguintes: “Coragem, pois o Senhor dá o fardo, mas também dá a força para carregá-lo”.
O Falecimento do Papa do Sorriso
O nome papal escolhido por Albino Luciani foi João Paulo (Ioannes Paulus em latim) em homenagem aos seus antecessores. Na madrugada do dia 28 de setembro de 1978, entre as 23h30 e 4h30, ele faleceu no Palácio Apostólico do Vaticano. Há alguns relatos de que o Papa do Sorriso teria previsto a sua morte e o seu sucessor. Para alguns conhecidos ele teria confidenciado que partiria para que alguém mais forte chegasse ao posto.
De acordo com Luciani seu sucessor era alguém que estava sentado a sua frente no conclave, posição do polonês Karol Wojtyla durante a eleição. O ‘Papa Breve’ disse “Ele virá e eu me vou”. Wojtyla, que votou em Luciani, foi eleito papa no conclave seguinte ao falecimento de Luciani e assumiu como nome papal João Paulo II. No entanto, até aqui são apenas expeculações, concretamente o Papa João Paulo I falou sobre seu falecimento um dia antes disso acontecer para o Bispo John Magee.
A Versão Oficial dos Fatos
Conforme a versão oficial divulgada pelo Vaticano, o Papa João Paulo I, bebeu chá com seu secretário, o padre irlandês John Magee, na tarde do dia 27 de setembro de 1978. Nessa ocasião ele teria sentido uma dor forte no peito, no entanto, recusou o atendimento médico. Depois do jantar ele se deitou e foi encontrado morto na manhã do dia seguinte.
Apesar de a primeira pessoa a ter percebido que o Papa estava morto ter sido uma freira que trabalhava com ele há muitos anos ao tentar acordá-lo, como sempre fazia, foi divulgado oficialmente pelo Vaticano que teria sido o padre Diego Lorenzi quem o encontrou. A declaração oficial descrevia o óbito como provavelmente associado a um infarto do miocárdio.
Especulou-se que o Papa tenha sofrido muitas pressões relativas ao cargo que ocupava e isso o teria levado a adoecer. A freira que o encontrou fez voto de silêncio logo em seguida. Também foi levantada a possibilidade de que o Papa tenha falecido devido à embolia pulmonar. Esse acontecimento gerou grande comoção e mesmo num dia de chuva torrencial a Praça de São Pedro ficou lotada. Em 16 de outubro de 1978, Karol Wojtyła, assumiu o nome de João Paulo II.
Conspiração
O falecimento do Papa do Sorriso, após somente 33 dias de papado, fomentou o surgimento de teorias da conspiração reforçadas pela inconsistência das informações divulgadas pelo Vaticano e as grandes dificuldades para realizar procedimentos legais e cerimoniais. O britânico David Yallop escreveu um livro intitulado “God’s Name” (Em Nome de Deus) publicado em 1984 em que sugeria que o Papa João I foi assassinado porque estava investigando escândalos financeiros no banco do Vaticano.
Em 1987 John Cornwell, ex-seminarista e encarregado pelo Vaticano de produzir uma obra conclusiva sobre o caso, publicou o livro “A Thief In The Night” (Um Ladrão na Noite). Nesse livro que se assemelha a um relatório detalhado Cornwell refuta algumas teorias conspiratórias levantadas por Yallop, mas não deixa claro qual teria sido o fator que levou o Papa do Sorriso a morte. O texto alega que provavelmente o Papa sofreu uma embolia pulmonar.
A obra ainda deixa claro que existiam evidências de que Albino Luciani estava com a saúde gravemente comprometida e que pouco ou nada foi feito para socorrê-lo como deveria. Se o Papa tivesse sido examinado, recebido medicação e descanso poderia ter sobrevivido.
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