Batuque

A palavra Batuque nos faz pensar diretamente em música produzida por percussão, no entanto, a sua origem está ligada a religiosidade sendo uma adaptação de um termo bantu ‘Batukajé’ que diz respeito ao ato de bater nos tambores enquanto se realiza uma cerimônia religiosa.

A denominação Batuque é utilizada como uma forma genérica de se referir as religiões afro-brasileiras que tem origem ligada as religiões de povos que vieram de regiões como Nigéria e Costa da Guiné. Em geral essas religiões realizam cultos aos orixás (ancestrais dos africanos a quem se atribuiu caráter divino).

A principal corrente de Batuque no Brasil se encontra no estado do Rio Grande do Sul de onde se espalhou para os países vizinhos como Argentina e Uruguai. No Batuque existem rituais específicos que embora guardem alguma semelhança com o candomblé não tem a ver com essa vertente de religião afro-brasileira.

O Desenvolvimento do Batuque no Rio Grande do Sul

Essa religião afro-brasileira teve seu período de desenvolvimento entre os anos de 1833 e 1859 no estado gaúcho. As duas cidades em que as tradições iniciaram foram Rio Grande e Pelotas sendo que em Porto Alegre esse movimento apenas teve início a partir da segunda metade do século XIX.Fundamentos do Batuque

As bases da religião do Batuque estão ligadas as raízes na nação Ijexá e Oyo advindas da Nigéria assim como a nação Jêje que tem origem no Daomé (atual Benim). Historicamente essa religião se desenvolveu como outras afro-brasileiras, a partir de adaptações das crenças dos africanos trazidos como escravos para o Brasil.

A nomenclatura de Batuque foi dada pelos brancos, os negros chamavam essa prática de Pará. Contudo, atualmente se tem o entendimento que para os participantes dessa religião o termo Pará se refere quarto-de-santo enquanto que a religião se chama mesmo Batuque.

Quais são as Crenças do Batuque?

O culto do Batuque se estende para vários orixás advindos de diferentes partes do continente africano. No Batuque existe o entendimento que os orixás estão presentes especialmente dentro dos terreiros assim como na natureza por meio da expressão de rios, cachoeiras, pedreiras, mar entre outros. Através da natureza é possível inclusive evocar as vibrações desses orixás.

De acordo com o Batuque todo indivíduo nasce sob a regência de um orixá e durante a sua vida deve se dedicar ao mesmo seja apenas participando dos cultos nos terreiros ou então como Babalorixá (pai de santo, pai de terreiro) ou Ialorixá (mãe de santo, mãe de terreiro).

O Papel do Babalorixá ou Ialorixá

Diferente do que acontece no candomblé não são atribuídos nomes as funções de diferentes participantes dos cultos. O Babalorixá ou Ialorixá tem plena autonomia sobre a realização dos cultos e os filhos de santo devem se revezar no cumprimento das tarefas necessárias para que o terreiro continue em pleno andamento.

Pelo menos uma vez por ano é realizada uma homenagem aos orixás, porém, de quatro em quatro anos acontecem festas realmente grandes. Outra importante função desse sacerdote é de formar outros sacerdotes ensinando aos filhos de santo como realizar as diferentes etapas do culto e rituais.

O Culto

Os cultos de Batuque sempre começam com a homenagem ao orixá Bará (no candomblé esse orixá é conhecido como Exu). Porém, é importante dizer que não há hierarquia entre os orixás sendo que a função de um completa a do outro. Dentre os principais orixás que são cultuados no Batuque estão Oba, Otim, Iemanjá, Oxum, Osanha e Orunmilá (que possui ligação ao culto de oxalá).

Dia do Serão – Dia da Obrigação de Matança

Esse é o dia em que é necessário oferecer sacrifícios de animais para os orixás, isso é feito por meio do preparo de pratos com cabritos e aves. Esses pratos contam com uma grande quantidade de temperos. É essencial que tudo do animal seja aproveitado incluindo o seu couro que é usado para fazer tambores para os dias de toque.

Rituais para Eguns (Espíritos dos Mortos)

No Batuque ainda existem rituais que são destinados aos eguns que são espíritos dos mortos. Por ser um tipo de ritual que possui muita magia e segredo não é dominado completamente por boa parte dos sacerdotes. Para esse tipo de ritual existe a Igbalé que é uma construção a parte do terreiro em que são cumpridas as obrigações junto aos eguns em algumas datas especiais assim como quando alguém ligado ao terreiro falece.

Da mesma forma que os orixás, os eguns, possuem suas rezas próprias realizadas na língua yorubá assim como é feito o toque de tambores nas datas de cumprimento de obrigações. Os tambores recebem o acompanhamento do agê que é um instrumento feito com uma cabaça inteira. São oferecidos sacrifícios de animais bem como outras oferendas para os eguns. As diferentes nações têm rituais próprios para os eguns.

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Categoria(s) do artigo:
Religiões

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